Nesta semana, a revista estadunidense TIME publicou sua escolha anual para “Pessoa do ano”: o Papa Francisco.
Nada pessoal contra o pontífice, mas a predominância de escolhas masculinas colocou a revista definitivamente sobre um microscópio na questão dos sexos.
De todas as 86 edições, iniciado em 1927, as mulheres só aparecem em 5 (sem contar os anos em que grupos e ações que reuniram homens e mulheres foram escolhidos), como bem levantou o Mashable; não à toa, até 1999, a premiação era chamada de “Homem do ano”.
Além disso, 2 das 5 vencedoras só foram eleitas por suas relações com homens, como reitera a matéria:
Duas dessas mulheres ficaram famosas por suas relações com um homem líder mundial. Wallis Simpson, que ganhou em 1936, “conquistou o coração do Edward, o Príncipe do País de Gales,’ que eventualmente o levou a sua resignação e a fez a mulher mais famosa da Grã-Bretanha. Madame Chiang Kai-Shek teve que dividir o seu prêmio de “Homem e esposa do ano” de 1937 com seu marido, o premier chinês Chiang Kai-shek. A terceira mulher vencedora foi Elizabeth II em 1952, e não vimos outra mulher tomar a capa por conta própria até 34 anos depois quando Philippine President Corazon Aquino ganhou em 1986. As três últimas mulheres, Cynthia Cooper, Coleen Rowley and Sherron Watkins, foram agrupadas juntas em 2002 por seu papel expondo Enron. (Tradução literal da publicação “Another Year, Another Man for TIME“, do Mashable).
Embora a revista tenha utilizado mulheres para representar alguns dos premiados e tenha dedicado o ano de 1975 às “Mulheres americanas”, a falta de valorização a conquistas individuais femininas é preocupante.
Pior, muita gente realmente chega a acreditar que não existiram mulheres impactantes o suficiente para serem escolhidas “Pessoa do ano”. Entretanto, como a própria matéria chama a atenção, não só existiram como poderiam muito bem ter sido escolhidas nos anos em questão.
Rosa Parks, que quebrou a escrita dos “lugares reservados para negros” ao se recusar a ir para o fundo do ônibus e é até hoje uma das mais importantes figuras da luta pelos direitos dos negros, “perdeu” em 1955 para Harlow Curtice, presidente da General Motors; Margaret Thatcher, a primeira e única primeira-ministra da Grã-Bretanha, não levou a premiação em nenhum dos 20 anos que esteve no cargo.
Não é sobre nomear uma mulher pela questão da igualdade de gêneros. É sobre reconhecer pessoas além do status quo, como Madre Teresa, Golda Meier, Helen Keller, Maya Angelou, Madeleine Albright, Sally Ride, Oprah Winfrey e Hillary Clinton – todas essas que a publicação negligenciou. (Tradução literal da publicação “Another Year, Another Man for TIME“, do Mashable).
Tudo bem que a TIME é apenas uma revista, mas a escolha da personalidade do ano tornou-se algo realmente marcante e a comparação entre os gêneros evidencia a desvalorização da mulher na nossa sociedade.
Se hoje, ao olhar a lista, já parece que quase não existiram mulheres marcantes na história, imagina daqui a cem anos com ela se mantendo nesse ritmo?
Vi no Mashable.
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