Atualizado em 07/01/2016
Antes de qualquer coisa e independente do que for falado nesta publicação, gostaria de ressaltar: PUTA QUE PARIU, QUE IDEIA FODA! Desculpem o palavrão, mas… era preciso. Era preciso para exaltar uma das paradas mais fodas que vi um músico fazer nos últimos tempos.
Numa mixtape (ou deveria dizer “remixtape“?) eles colocaram o nome de um monte de artista de, digamos, menor expressão (nem todos, claro), num trabalho que será divulgado nacionalmente. Muita gente que ouviu as versões e curtiu as linhas desse ou daquele MC foi procurar saber mais sobre o trabalho e isso é ótimo pro RAP Brasileiro.
Bom pros fãs que recebem novos versos em bases que já gostavam. Uma parada que eu não gosto nos remixes é a possibilidade de “estragar um som” que era ótimo. Nesse caso, esse não é o primeiro pensamento, porque não é o próprio Emicida quem faz o remix. Ou seja, o primeiro pensamento é a aceitação de que virá algo diferente da original e a possibilidade de curtir ambas ao invés de compará-las.
E isso sem falar nos ganhos da própria Laboratório Fantasma com o marketing de colocar o nome do Emicida em alta sem muito trampo efetivo (comparado com lançar um CD de originais). A ideia levanta muita divulgação; a quantidade de artistas participantes levanta muita divulgação (cada um divulgando sua música, por exemplo). Velhos fãs do Emicida relembram de músicas que eles já nem lembravam mais que existiam; novos fãs do rapper vão atrás para ouvir a versão original de uma que eles curtiram na remixtape e não conheciam.
Enfim, cês conseguiram sentir o peso de uma ideia? Tinha tudo isso pra comentar e olha que nem comecei a falar das músicas ainda. DJ Nyack e toda equipe envolvida colocaram a mão na massa e produziram 15 faixas que, mesmo sem serem ouvidas, já carregavam um peso enorme.
Intro – DJ Nyack e MC Bazuka
Com a base de “Vai Ser Rimando”, mas com a pegada da introdução da mixtape “Pra quem já mordeu…“, MC Bazuka, que de acordo com o DJ Nyack é um personagem de um MC conhecido aí, mandou um freestyle detalhando a remixtape e citando os artistas que fizeram parte.
Cê Lá Faz Ideia – Amiri (beat: Casp)
Escolheram um dos nomes mais “quentes” do momento pra fazer a música com a temática mais pesada. Ótima escolha. Amiri é um letrista de mão cheia e com o flow que sempre o destacou, era o cara certo pra fazer essa mensagem tão importante continuar martelando na cabeça da sociedade. Ah, achei da hora também que finalmente alguém levantou mais diretamente a questão do Danilo Gentili em uma música.
Rua Augusta – Stefanie (beat: Casp)
Colocaram uma mina pra fazer “Rua Augusta”! Vontade de gritar diversos palavrões novamente pra uma ideia foda. Não só por ter a visão de uma outra pessoa sobre um tema que necessita de discussões, mas por ter de alguém tão próxima da temática que pode chegar a se imaginar nela. Não que não existam garotos de programa, mas é diferente, não é tão comum e a cultura da mulher como sexo frágil é tão forte que a visão é bastante diferenciada. Por isso, uma mulher rimando sobre prostitutas nos dá uma perspectiva muito diferenciada do assunto. Sem contar que a Stefanie quebrou tudo. Não só na qualidade das rimas, mas também foi uma das que melhor se enquadrou nessa questão do remix, de fazer um trampo bem alinhado com o original e ao mesmo também acrescentar seu próprio estilo e peculiaridades.
Rinha – Família de Rua, Douglas Din e Matéria Prima (beat: Skeeter)
Tudo bem que a “Rinha” retratada na música original é um evento de São Paulo, mas chamar os caras do “Duelo de MC’s”, de Belo Horizonte, pra adaptá-la foi ótimo. Afinal, se é pra falar de batalha de rima, nada melhor do que os responsáveis por uma das maiores batalhas do país.
Chega Junto [Um, Dois, Três, Quatro] – Savave (beat: Lou P)
Com a música original com 40 segundos de duração e uma temática bastante livre, o Savave podia praticamente chamar a faixa de sua. Não à toa, colocaram um nome bem diferente da original.
De Onde Surgiu [De Onde Cê Vem] – Rick Fuentes e Jamés Ventura (beat: Dj Will)
Assim como o Savave, os manos do Marreta Records também mudaram o nome, mas, até pelo tema mais definido da música, foi uma mudança mais sutil. “De onde surgiu” conta um pouco mais sobre o passado de rua dos rappers envolvidos, assim como a música original fazia.
Hey Rap! – Versu2 (beat: Dario)
Uma das rimas mais pesadas do Emicida e quase um hino da nova geração do RAP Brasileiro, ficaria difícil para os baianos do Versu2 mudar o nome da música. Do mesmo jeito, ficaria difícil que eles não chegassem pesado nela e chegaram. Mostrando a importância do RAP, principalmente para as favelas, eles criticaram do governo a MCs que não fazem o RAP de verdade.
Só Mais Uma Noite – Ogi & Kamau (beat: Zegon)
Veio como um single pra deixar a galera ansiosa pra remixtape e ficará como um clássico. Ogi apresentou sua poesia em forma da narração dos fatos, mais ou menos como o que o destacou tanto no “Crônicas da cidade cinza“. Desta vez, ele enxergou “só mais uma noite” como a última noite do bandido no crime, “a derradeira” que vai garantir a aposentadoria. Já o Kamau, na sua tradicional visão diferenciada das palavras, viu “só mais uma noite” como, literalmente, uma noite. Em um conjunto de versos que parece descrever uma paixão de uma noite só, o rapper descreve a própria noite como alvo dessa paixão. E ela é encantadora, mas não vá se apegar porque ela é só mais uma… noite!
O Vento [A Cada Vento] – Ataque Beliz (beat: Filipe Tixaman)
Os caras do Ataque Beliz tinham um trabalho complicado pela frente, porque a música é uma daqueles diferenciadas do Emicida. E os brasilienses fizeram um ótimo trabalho. DJ Nyack os escolheu por causa da “pegada com banda, de ragga” e parece que deu muito certo!
Isso É Viver – Tiago Rednigazz & Rodrigo Tuchê (beat: DJ Nyack)
“Essa é minha vida de fazedor de RAP” dizia um dos versos da música original e parece que não havia motivo pra mudar o rumo do som. Rednigazz e Tuchê contaram um pouco mais da sua história no RAP, de quando era apenas um sonho até hoje, quando ele vai se realizando e crescendo cada vez mais. Afinal, pra eles, “isso é viver”. E os caras tiveram a manha até de chegar num refrão “novo”!
Santa Cruz – Flow MC, Bitrinho, Drik Barbosa e Marcello Gugu (beat: Nave)
Era impossível pensar em outros nomes para a música. Quem melhor que 4 dos nomes mais conhecidos que surgiram na batalha do Santa Cruz (tirando aqueles que já são mais conhecidos nacionalmente) para fazer uma rima sobre ela. Os caras até trouxeram o grito de guerra do encontro pra letra! E eles destacaram a parada não só na descrição, mas também na importância pra suas formações como pessoa.
I Love Quebrada – Tuty e Rincon Sapiência (beat: Casp)
Mais um hino da nova geração do RAP que já dava uma responsa monstra pros envolvidos. “I Love Quebrada” tem uma pegada diferente, com um swing de festa de quebrada, sei lá. O certo é que o Nyack acertou em cheio com o Tuty e o Rincón. Os dois fazem muito bem essa (o tal do dirty south) e casaram muito bem na música.
Então Toma – Flora Matos (beat: Renan Samam)
Duvido que cê esperava por essa! Depois dos sucessos com “Pretin” e “Sol”, se cê apostasse em alguém pra fazer “Então toma”, não seria a Flora. Mas, assim como no remix de “É nóiz”, com MV Bill e AXL, ela detonou de novo! Flora chegou pesado e deixou os fãs ainda mais na espera do seu novo trabalho, que deve sair em 2013.
Eu Também [Tô Bem] – Raphão Alaafin (beat: DJ Nyack)
MANO, da hora. Não quero analisar em questão de melhores, mas posso facilmente dizer que é uma das maiores surpresas da mix. Alaafin chegou no sapatinho e desenvolveu um puta trabalho no beat do próprio Nyack. Chegou no estilão que a rima pedia, com umas rimas simples e um conteúdo da hora. Mais uma vez, da hora!
Beira da Piscina – Don L (beat: Casp)
Mais um que está na lista dos trabalhos mais esperados de 2013 representou do início ao fim! DJ Nyack confirmou que escolheu essa música pro Don L por causa da combinação de “sangue é campanhe” e estar na beira da piscina. Pode parecer besteira, mas combina demais. É impossível não notar que a temática que “Beira de piscina” representa é muito próxima do estilão do rapper. Já era meio caminho andado e ele, com muita propriedade, andou a outra metade com seus versos.
Qual dos remixes cê gostou mais?
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