Depoimentos dos integrantes do Hip Hop no Brasil já mostravam o que boa parte da sociedade nunca quis notar: a cultura de rua salvou vidas.
Não apenas de pessoas que encontraram nos elementos uma profissão para escapar da criminalidade, mas também a própria motivação de viver e de se tornar algo mais, que outras áreas nunca pareceram se preocupar.
Agora, um trabalho de doutorado também “comprova” tal afirmação. Escrita por Tiarajú Pablo D’Andrea, a tese “A formação dos sujeitos periféricos: cultura e política na periferia de São Paulo” analisou, entre outras coisas, o Racionais e o discurso do grupo.
Citando “descanse o seu gatilho, meu rap é o trilho”, da música “Fórmula mágica da paz”, do CD “Sobrevivendo no inferno”, de 1997, ele conclui: “Eles conseguiram com esse discurso potente fazer toda uma geração dizer para si mesma ‘pô, vamos fazer arte que é mais legal. Vamos ficar se matando? Vamos cantar rap’. Esse discurso ajudou a formar uma geração que falou ‘vamos cantar, vamos abrir um sarau, fazer uma comunidade do samba porque aqui tem uma saída interessante’.”
Obviamente, Tiarajú vai bem mais a fundo. Ele mostra como “Negro drama” falou do aumento do consumo da periferia antes de ele ser notado nacionalmente e também ressalta as diferentes visões que o grupo passou através dos anos.
Nas palavras do Spresso SP, o pesquisador diz que “por mais que seja contraditório em seus discursos nos últimos 20 anos, o Racionais foi o despertar de uma geração que não via outra saída. Em meio ao mundo do crime, da violência e das drogas, o rap veio como uma alternativa para a juventude da época”.
“O papo reto é mais eficaz. A crítica direta é mais eficaz. O realismo é mais eficaz. Eles conseguem elaborar um discurso sobre o que foi morar e o que é morar na periferia de São Paulo nos últimos 20 anos. Eles elaboram o melhor discurso. Eles conseguiram falar os anseios de uma população em determinado tempo. É a narrativa legitimada”, conclui Tiarajú Pablo D’Andrea.
Vi no Spresso SP e recomendo que leiam a matéria completa.
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