Com o título de “Negros com diversas utilidades” e a foto de crianças negras sorridentes, um anúncio do Mercado Livre chama a atenção de Maria Rita, do Blogueiras Negras.
Por R$1,00, qualquer um poderia dar lances para adquirir o “produto”, que, de acordo com a imagem, já havia sido comprado pelo menos uma vez.
Leia mais:
– Lei “contra o racismo” completa 25 anos e… o que mudou?;
– Sites publicam “microagressões raciais” que você ouve no dia a dia;
– Preconceito padrão FIFA: entidade veta apresentadores negros no sorteio da Copa 2014;
– Taxa de mortes violentas entre negros é mais que o dobro de taxa entre não negros;
– “O racismo acabou”, mas trabalhadores negros recebem salário 36,1% menor.
Obviamente, o anúncio era fictício. Entretanto, a suposta brincadeira expõe muito mais o tamanho do racismo ainda presente na nossa sociedade do que o humor que uma “brincadeira” deveria.
É aquela velha história que o Gabriel o Pensador muito bem ressaltou há tantos anos na “Racismo é burrice“:
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fossem o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Embora muitos isentem o Mercado Livre de culpa no caso, já que o anúncio foi feito por um usuário, é necessário refletir que um site que proíbe certos itens de serem comercializados precisa monitorar o que é publicado.
Mesmo assim, o problema é muito maior do que uma ferramenta em um site. O problema parece estar em uma ferramenta da nossa sociedade. Uma ferramenta que parece, cada vez mais, sem conserto.
Vi no Blogueiras Negras.
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