Ameaçada de morte, primeira rapper egípcia a cantar usando véu bate de frente com o machismo

Se o machismo no Brasil já causa arrepios mesmo em que não é assídu@ da causa feminista, imagine o que se passa no pior país do mundo árabe no quesito “direito das mulheres”.

Pois é, de acordo com uma pesquisa da Thomson Reuters Foundation, o Egito é o pior país para ser mulher, principalmente por causa das altas taxas de cortes na genitália e da escalada de grupos islâmicos extremistas na política. Pra completar isso, de acordo com a ONU (2013), 99,3% das egípcias experienciaram assédio sexual em algum ponto de suas vidas.

No meio desse ódio todo, surge Mayam Mahmoud, a primeira rapper do país a se apresentar usando véu. E não apenas pra amig@s e parentes; ela mandou seus versos no “Arab’s Got Talent”, franquia mundial de um show de talentos televisivo.

Tudo bem que ela não chegou na final, mas seus versos impactantes contra o machismo deixaram uma impressão. Se por um lado, outras mulheres se sentiram representadas; por outro, a jovem de 19 anos já recebeu sua primeira ameaça de morte.

“Eu quero que as pessoas saibam que as mulheres – particularmente as mulheres que usam véus – podem fazer o que elas quiserem. Nenhum trabalho ou atividade está descartado”, afirmou ela ao Global Post. “Garotas ficam paranoicas só de andar até uma loja ou à escola. […] O assédio se tornou tão comum que algumas mulheres raramente saem de casa”, disse frustrada.

E é nas letras que ela despeja toda frustração. A rapper conta que outras mulheres lhe revelam suas experiências e ela transfere toda essa dor para os RAPs. Até mesmo o fato de ganhar reconhecimento usando o véu é uma confrontação.

Embora a cultura do Egito seja, num geral, bastante diferente da nossa, nos detalhes percebemos semelhanças chocantes. “Eu vejo rappers homens no Egito escrevendo músicas para culpar as mulheres pelos assédios sexuais que sofrem. Eles dizem que nós merecemos ser assediadas por causa das roupas e maquiagens que usamos”, conta Mayam Mahmoud.

No Brasil, mesmo que o estudo do IPEA tenha se mostrado equivocado em um primeiro momento, na correção ainda são 26% das pessoas que concordam pelo menos parcialmente que “mulheres que mostram o corpo merecem ser atacadas”.

Mas, não esqueça, o Egito é o pior país do mundo árabe para mulheres. “Mulheres egípcias experienciam abuso sexual diariamente. É a nossa história a ser contada, ninguém mais pode contar pela gente”, completou a jovem.

Vi no Global Post.

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