Mano Brown critica estigma do RAP e rechaça liderança: “ou a revolução é do povo ou é de ninguém”

Parece que depois de muitos anos dando o mínimo possível de entrevistas, Mano Brown resolveu colocar pra fora. E como resolveu. Inspirado pelo barulhão que a Cult fez com o rapper, o pessoal da revista Rap Nacional disponibilizou na íntegra sua matéria com ele.

Lançada em 2012 junto com a sexta edição do periódico, a entrevista tem mais de cinquenta perguntas e também mostra um Brown “preocupado” com a necessidade de mudar à medida que as coisas mudam ao redor.

“Se fosse para estar preso em alguma coisa eu não estava no RAP. Não gosto que façam do Racionais um instrumento para determinadas causas, eu acho que o Racionais é para todas as causas, todas as injustiças. Não pode ser direcionada”, contou. “Aquele disco da cruz [“Sobrevivendo no inferno”] era muito fechado. E de certa forma ele limitou um pouco, ele não era um disco livre. Era livre pra mim quando eu compus. Depois que saiu virou uma prisão, uma obrigação, virou regra. E eu não gosto de regras”, completou.

Para Mano Brown, a pior coisa que criou ou, pelo menos, que é responsável pela difusão, é o estigma que o RAP carrega, o radicalismo que às vezes beira a ignorância. “Quando criamos o Racionais, era um outro mundo, então não tem como você esticar o chiclete 25 anos falando das mesmas coisas como se elas não tivessem mudado. Seria mentira, ia tá maquiando uma realidade, que a nova geração está aí pra mostrar”, defendeu.

Brown carrega essa responsabilidade pelo alcance tremendo que o quarteto alcançou, mas nunca quis ser líder. De acordo com ele, até mesmo entre os integrantes, a questão é só de habilidade na comunicação. “Eles me colocaram para eu ser o cara para falar, porque eu penso muito, tô sempre falando. Eles pensam igual a mim, mas eu falo mais que eles”, contou.

Aliás, ele não acredita nem na necessidade de um líder maior nos dias de hoje, como era necessário antes, visto que com o alcance da informação todos podemos ser líderes de nós mesmos. Ele ainda afirma desconfiar de “cara que quer ser líder” e de “qualquer estrelismo”. O título recebido dos fãs do Racionais e da imprensa bate de frente com sua necessidade de não estar sozinho e da crença no conjunto.

“A maior revolução que foi feita aqui [no Capão] não foi feita por uma ou duas pessoas só, porque a revolução ou ela é do povo ou ela não é de ninguém, e o que eu sempre quis é que as pessoas assumissem as responsabilidades delas”, definiu.

Li no Portal Rap Nacional e recomendo que todos acessem e leiam também!

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