A cultura negra está na raiz do nosso país. Não apenas na construção física por parte dos escravos, mas em nossa tradição e nossa história; nossos “heróis” são negros. E como perpetuamos isso?
De acordo com a BBC Brasil, mesmo com a lei 10.639, que determina o ensino da cultura afro-brasileira, promulgada há 10 anos, os avanços são mínimos.
“O levantamento mostrou que há avanços. Mais da metade das escolas trabalham o tema. Mas na maior parte dos casos, é geralmente iniciativa isolada de um professor que gosta do tema. E também há o problema da descontinuidade. Se o professor deixa a escola, muitas vezes o assunto deixa de ser abordado”, afirmou à matéria Rafael Ferreira da Silva, Coordenador do Núcleo de Educação Étnico-Racial da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, sobre levantamento feito na cidade.
Há um aumento na busca por professores capacitados no tema, visto que tal abordagem ainda é complicada, pois há um preconceito por parte dos pais e outros alunos também.
“Pais se reúnem com os filhos e vão à escola questionar e criticar professores que querem discutir a história da África”, contou à matéria Stela Guedes Caputo, pesquisadora do tema e professora na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Tamanho preconceito gera o bullying. Os jovens negros, muitas vezes minoria nas salas de aula, acabam escondendo suas próprias crenças e tradições para não serem motivo de mais piadas.
“Os mitos que as crianças aprendem nos terreiros de candomblé não são aceitos na escola, os itans (os mitos da cultura iorubá), as histórias africanas que conhecem, são das mais belas criações literárias humanas e elas precisam escondê-las. Seu conhecimento é negado. Porque na escola é tão comum mitos gregos, romanos e outros, e mitos africanos são demonizados?”, questiona a pesquisadora.
Muitas vezes, a problemática vai além do ambiente escolar. Livros, novelas, filmes e tantas outras histórias ainda renegam os negros a papéis de empregados e afins; não à toa, as crianças acabam conhecendo tia Nastácia muito antes de saberem quem foi Zumbi dos Palmares.
“Uma vez cheguei em uma sala do Ensino Médio e perguntei aos alunos quantos haviam lido um livro com personagens negros. Alguns levantaram a mão. Depois de mais de dez anos de escolaridade, eles citaram a Tia Nastácia, o Saci Pererê, o Negrinho do Pastoreio… Nem Zumbi dos Palmares fazia parte do repertório”, contou a professora Macaé Maria Evaristo do Santos, hoje Secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC). “Essa é uma temática que vai ganhando relevância. Antes só se falava nisso no Dia da Consciência Negra. Aos poucos vai se integrando no projeto pedagógico das escolas”, completa.
Vi na BBC Brasil.
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