Emicida e a Revolução Silenciosa: um CD “doozy” para um rapper “zica braba”

Atualizado em 20/04/2014

Pedido de silêncio. É assim que Emicida começa a EP Doozicabraba e a Revolução Silenciosa, cd do rapper paulistano gravado e produzido em sua maioria nos Estados Unidos pela dupla K-Salaam & Beatnick. O rapper caminha em meio a inúmeros elogios e críticas somados aos seus conflitos pessoais. São os ossos do ofício de um artista que chega a fazer mais de 4 shows na mesma semana e é escolhido Artista do Ano, no VMB. “Shiiiiu!”, é como se ele pedisse silêncio por pelo menos uns 35 minutos para que possa falar.

Não é à toa que a “primeira música da EP” tenha um tom de desabafo. Nas palavras da própria música, gravada em parceria com Rael da Rima e Evandro Fióti, “(…) Quando era faculdade, trampo, hora extra, ninguém nunca quis nossa vez”. Com ideias aleatórias e histórias da sua própria vida, o rapper reafirma a ideia de que está onde está porque trampou muito pra chegar e não apenas teve “sorte” e inspira aos que ouvem a fazer o mesmo, fazer sua parte e não se importar com o que falam.

A parceria com Rael da Rima, vista em várias músicas e principalmente na “Não é só ver”, onde este praticamente “comanda” o som, e Paola, na “Canção para meus amigos mortos“, trouxe ainda mais musicalidade à EP. Aliás, esse foi um destaque interessante desse novo trabalho do Emicida: a  produção teve uma boa mistura de estilos, o que deixou ainda mais artístico, com uma qualidade ainda maior.

K-Salaam, Rael da Rima e Beatnick.

Em vários versos, Emicida cita momentos que têm tudo para serem lembranças de sua infância. Mas, diferente de músicas antigas, é uma visão positiva. Tirando a música “Canção para meus amigos mortos“, que, como mostra o título, fala de algo mais emocional, o resto da EP é bastante “pra cima”.

Seja numa posição mais pessoal, como em “Zica, vai lá”, na qual o rapper faz uma autoafirmação de sua posição atual, ou na mais geral, como “Pequenas Empresas”, na qual, em parceria com os gigantes Don Pixote e MV Bill, há uma confirmação dos rappers como empreendedores, preocupados com a sua “mercadoria”, sua independência e buscando dominar o “mercado mundial”, a EP soa interessantemente positiva. Provavelmente, um reflexo do estado de espírito do rapper ao gravá-la, sua estadia nos EUA e a apresentação no Coachella.

Temos um post especial sobre a música “Viva“, que fizemos logo que ela foi lançada. A ele, só queremos acrescentar o fato de a música ter feito um ótimo sucesso no país, sendo tocada em diversas rádios. Outra dica, antes de terminar, são os vídeos do Emicida comentando cada faixa da EP. Vale a pena assistir!

Ah, e não pense que esquecemos da música bônus da EP. Claro que não. É que já temos um post falando sobre o lançamento do clipe da música “Sorrisos e Lágrimas” filmado nos EUA.

Enfim, o título. Mais uma obra “polêmica” assinada pela Laboratório Fantasma. Da união da expressão americana “doozy”, apanhada nas gravações com os produtores gringos, que significa algo que está pronto, algo foda, com a expressão “zica braba”, apanhada nas ruas do brasilzão, que possui equivalência em significado, até a revolução silenciosa, na qual Emicida e tantos outros rappers estão engajados. Revolução que acontece nos fones de ouvido, aquela que não é transmitida pela maior parte das mídias tradicionais. Aquela que quando você menos espera, “bang!”, ela dominou o mundo.

“Na zona norte? Ok. Na zona oeste? Ok. Na zona leste? Ok. Na zona Sul? Ok. No interior? Ok. Outros estados? Ok. A meta é o mundo? Ok. Ou mais…”

seja o primeiro a comentar

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *