“O funk é mais do que a ostentação”, define Emicida

A relação entre o RAP Brasileiro e o Funk, em pleno 2014, não é das melhores. Mesmo oriundos da favela, existe um certo movimento separatista entre os dois, principalmente nos integrantes do primeiro em relação ao segundo.

Entretanto, ainda há quem queira juntá-los ou, pelo menos, remediar tal situação. Emicida parece ser um desses. Além das parcerias com o Guimê, ele também defende o “gênero-irmão” sempre que possível.

Para o rapper, que sempre disse ser admirador dos instrumentais, as letras são apenas um reflexo do que é “vendido pra favela”. Entretanto, ele defende que, embora o proibidão e a ostentação definam para muitos o gênero, o Funk não é só isso.

O funk com tema ostentação é momentâneo, assim como já foi proibidão, consciência e putaria em outros tempos. Os outros segmentos ainda existem, mas o que está em evidência hoje é o ostentação. Acho pobre reduzir o gênero a isso. O funk é mais do que a ostentação. Sobre o tema acho legítimo, uma vez que toda a sociedade assiste e vende isso pra favela. Nossa sociedade não tem o direito de se ofender com a periferia consumindo como a mídia obriga que ela faça. (Publicado no Diário de Pernambuco).

Aliás, Emicida até já mostrou em outro momento que ainda é possível fazer Funk consciente e inspiracional. Em 2011, para a Red Bull Funk-se Tour, o rapper gravou a música “Sorriso favela” em um instrumental do DJ Sany Pitbull.

E ele não é o único a ser contra o afastamento dos gêneros. No início do ano passado, Mano Brown apareceu no clipe de um funkeiro do Capão Redondo, MC Pablo. Embora tenha causado revolta em seus fãs, o rapper desejou sorte ao jovem MC e o incentivou, sabendo a dura caminhada de um artista periférico.

Mais recentemente, Projota foi quem despertou as críticas dos fãs de RAP Brasileiro ao gravar com um funkeiro. Neste caso, uma funkeira. Embora Anitta já esteja muito mais pra cantora Pop do que de Funk, foi por este gênero que ela “apareceu”. O rapper não só participou da gravação de seu DVD como também cantou uma música inédita em parceria.

Leia mais:
– Emicida grava funk com DJ Sany Pitbull;
– Assista a “País do futebol”, novo clipe do MC Guimê com participações de Emicida e Neymar;
– Mano Brown aparece em clipe de funkeiro do Capão e desperta fúria de fãs;
– Projota e Anitta cantam música inédita e “Mulher” na gravação do DVD; assista!.

Uma curiosidade quanto aos dois estilos é que a história do Funk Brasileiro mostra uma ligação muito forte com o RAP, muito além da origem periférica. Aliás, as letras de “putaria” e ostentação não são muito diferentes das que dominaram o RAP Estadunidense nos últimos anos.

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