“Devaneios Retianos” e a ascensão dos clipes de RAP no Brasil

Atualizado em 15/01/2017

Esses dias, meu mano Ayrllys Allan me chamou no Facebook de novo pra mostrar um de seus mais recentes trampos relacionado ao RAP. A última vez que isso aconteceu, lançamos aqui no site o clipe não-oficial da “Grajauex”, do Criolo, feito no Power Point.

A parada ganhou o mundo (literalmente!) e inúmeras oportunidades apareceram, ele me contou. A qualidade tava garantida. Pouco mais de um ano e alguns treinamentos no After Effects depois, ele me apresenta o clipe de “Devaneios Retianos”, do RET. Desta vez, não precisou nem do efeito Power Point pra fazer eu cair pra trás.

Além da arte ser impecável, a escolha das cores e a maneira como cada quadro flui combinam demais com a música e toda essa cadência melódica do rapper. Sem contar é claro o próprio conteúdo do clipe, que não só é a cara da TuduBom como mais parece uma continuação do “DUTUMOB“.

Isso me fez pensar onde chegamos nos clipes do RAP Brasileiro. Hoje, há na cena muito mais possibilidades pra se fazer algo. O que antes era um clipe feito com muito esforço e investimento, tanto de tempo quanto de grana, hoje é um web vídeo que qualquer artista pode fazer. Assim, aqueles que querem se destacar, precisam fazer algo a mais, seja visualmente ou no roteiro, na história apresentada.

Sem dúvida alguma, vivemos na época mais produtiva da produção audiovisual do País. Faço a cada ano pelos últimos 3 a lista dos clipes de destaque (2012, 2013 e 2014) e sempre surge uma parada realmente nova que me faz perguntar “que porra será que os outros gêneros musicais tão fazendo?”.

Depois das histórias intensas com pegada de curta-metragem, como “Mil faces de um homem leal“, do Racionais, “Soldado que fica“, do MV Bill, “Crisântemo“, do Emicida, e “Duas de cinco/Cóccix-ência“, do Criolo, parece ter chegado a vez das animações.

Ano passado, só na nossa lista, tivemos “Adulta criança“, do Pedro Ratão, e “Trindade (Parte 2)“, do Ogi, além da sensacional produção em stop motion com Playmobil, do MV Bill para “Um tiro”.  No ano retrasado, também na nossa lista, só tínhamos o som do Emicida retirado do filme “O menino e o mundo”; e nada no ano anterior.

Não acredito que possamos dizer que temos uma tendência, até porque não é qualquer um que pode fazer uma animação, diferente da parada do web vídeo que falei antes, mas é interessante analisar como as produções evoluíram. Como um maior alcance tecnológico nos trouxe ótimas imagens; a busca pelo diferencial então nos trouxe as lindas e detalhadas histórias; que mais uma vez nos levaram a buscar um diferencial e criar algo novo, que nos levou (também) às animações (uma soma de tecnologia, roteiro e inovação; 100% arte).

Mais uma vez, eu pergunto: que porra os outros gêneros musicais tão desenvolvendo? O RAP Brasileiro sempre foi deixado meio de lado, sendo considerado a periferia da qualidade artística. Não acompanho muito dos outros estilos, mas eu duvido que você possa me dizer um clipe que não seja do RAP e eu não possa te dizer um do RAP Brasileiro que seja, pelo menos, tão bom quanto; estamos fácil fácil na vanguarda da área. Até as premiações de MTV, Multishow e afins, tão contrárias a chamar rappers, mostraram isso!

Assim como as periferias das cidades (popularmente chamadas de favelas) costumam nos apresentar uma capacidade inovativa de outro mundo, o RAP também! E, bom, se esperamos pra ser surpreendidos pelas grandes novidades da cena, pelo menos podemos esperar curtindo a grande novidade de hoje…

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