“Os meninos são pegos pixando e assinam 157”, criticou Cripta Djan a ação violenta da polícia

Artistas de rua nunca tiveram uma relação fácil com a polícia. Ações que normalmente passariam batidas, resultavam em graves represálias pelo simples fato de serem eles.

Estar na rua não apenas para passear, mas tê-la como segunda morada é quase que visto como afronta. Pixadores que o digam. Represálias não existem, é direto pro DP; isso se sobreviver até lá. A morte de dois pixadores nas mãos da polícia no fim do mês passado/início deste trouxe a discussão à tona novamente.

“A gente tá sujeito em todo rolê. Saiu de casa com tinta, tá sujeito. Por isso que hoje em dia é só protesto, porque pelo menos vamos estar correndo risco por algo que vai fazer barulho, em prol de alguma coisa. Não tem mais brincadeira, porque numa dessas você pode ficar lá preso. A polícia está forjando formação de quadrilha, furto. Os meninos são pegos pixando e assinam 157”, contou Cripta Djan em entrevista ao Catraca Livre.

Também conhecido por Ivson Silva ou Djan Ivson, o paulista é um dos mais respeitados na cena mundial, tendo participado até da Bienal de Berlim, em 2012, junto com Rafael Pixabomb, o ex-aluno do Centro Universitário de Belas Artes, que, em 2008, como obra de conclusão de curso, reuniu uns 40 manos pra pixar a estrutura toda; foi detido e expulso.

“Correr com o poder público é abrir mão da sua liberdade”, comentou ele à mesma matéria sobre a comissão que a Prefeitura quer elaborar com os graffiteiros. “Eles [os graffiteiros] não estão preocupados com conceito, não têm nenhum discurso político. O trabalho dos caras é decorativo. Eles querem criar assumidamente o antídoto do pixo.”

A relação entre pixadores e graffites não é das melhores e não são poucos os exemplos de uma sobrepor a outra nas ruas. Mas, o problema de Djan não é exatamente com o “glamour” que a arte vizinha recebeu. Afinal, ele próprio faz suas telas, vende a colecionadores e quer um algo mais com isso.

“Acho íntegro o cara que tem um trabalho na rua ter também um trabalho no mercado da arte. Mas o grande erro dos graffiteiros não foi quando o graffite entrou para o circuito das galerias, foi quando eles fizeram o contrário, transformaram a rua em galeria. Foi quando eles começaram a ganhar para pintar na rua. Aí você tá abrindo mão do que legitima seu trabalho, que é pintar na rua de forma ilegal, transgressora. É por isso que o que tem de mais conceitual na arte contemporânea hoje é o pixo”, esclareceu.

Vi no Catraca Livre e recomendo que leiam a entrevista completa.

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