Atualizado em 09/01/2016
Mais uma vez atrasados; mais uma vez fizeram valer a pena. Quando a CONE lançou a música “Chefe de Quadrilha”, falaram que logo em seguida já viria o clipe. O tempo passou, passou e passou mais um pouco, e nada.
O que parecia um atraso, como aconteceu no clipe de “Chama os mulekes”, acabou se tornando uma boa estratégia. Até porque, com a criação previa do político corrupto “Armando Golps”, o grupo conseguiu até lançar alguns teasers temáticos.
Sempre vimos muitos clipes nos quais a letra e o vídeo casam de maneira direta. Ou seja, aparece na tela o que está sendo rimado. Entretanto, a ligação subjetiva tem ganhado força nos últimos tempos.
Fred Ouro Preto, diretor do clipe da CONE, é um dos responsáveis por isso. Pra quem não sabe, ele também é o diretor de “Então toma!” e “Zica, vai lá“, ambos do Emicida, que não só foram muito elogiados, mas se destacaram por se focar em apresentar a mensagem da música e não necessariamente cada um de seus versos.
Se a música havia sido um pouco criticada por não trazer tão fortemente o teor de crítica aos políticos como prometia, o clipe supriu isso com sobras. Aliás, o clipe quase não é um clipe: tá mais pra um curta-metragem; mais de 8 minutos de duração!
A Cone Crew Diretoria não apenas mostrou a história da sua música, mas colocou mais lenha na fogueira ainda nessa época de eleições. A história é de um personagem fictício, mas poderia ser da grande maioria de políticos do nosso pais. Afinal, político corrupto é o que não falta!
Se tem uma coisa que não falta em nenhuma ação da Cone Crew é irreverência. Engraçado, em um clipe que fala de um político não correto, eles fizeram uma produção politicamente incorreta. Ninguém defende uma ação de violência física em massa contra os políticos, mas sem dúvida o que eles encenaram passa pela cabeça de 99% da população.
A parte que eles são presos é simplesmente incrível. Não exatamente pela atuação risível do ninja Batoré, mas pela crítica: enquanto os políticos corruptos tão andando por aí, quem os critica e tenta mudar alguma coisa é repreendido. Não sei se foi exatamente essa a mensagem, mas pareceu; e se foi, veio em um ótimo momento, pois durante o ano se destacaram algumas ações de repreensão contra artistas e minorias, deixando ainda mais claro o poder absoluto dos “chefes de quadrilha”.
O clipe termina com a mensagem de “Continua no próximo videoclipe”, deixando em aberto o que acontecerá com o “Armando Golps” e também a dúvida de qual será a música escolhida. Se fôssemos arriscar, diríamos que há grandes chances de ser “Sem a planta”, por motivos óbvios.
Infelizmente, vou ter que terminar este post falando de algo que odeio: o assunto “modinha”. Muitos têm chamado os caras da Cone de “modinha” e dito que eles “não são o RAP de verdade”. E eu nem vou entrar no mérito de dizer que nenhum desses tem qualquer direito pra dizer se isso ou aquilo é RAP ou não, o assunto é outro.
Não sou fã da CONE, acho sim que os caras falam muita merda; acho também que eles fazem muita merda. E não é só merda de engraçada, é merda de merda mesmo. Entretanto, deve-se ressaltar que eles também falam e fazem muita coisa boa! Tem muita mensagem da hora nos sons e tem protesto também.
A imagem que eles passam muitas vezes não é a imagem que queremos pros artistas de RAP, vamos dizer assim, mas, como diria o Edi Rock, “imagina que chato seria se todos os MCs fossem iguais“.
A verdade é que enquanto cê fala mal dos caras, eles lançam um clipe que, da maneira deles, trata de política e conscientização dos votos. Digo “da maneira deles” porque é algo mais descontraído, largado. O que não é ruim, pois tende a chamar a atenção do público deles, um público em sua maioria adolescente.
Fã que é fã de RAP não “paga pau” pra artista, independente de quem ele seja, mas sim pra mensagem que é passada. E a mensagem da Cone Crew Diretoria em “Chefe de Quadrilha” foi, de uma maneira ou de outra, de tirar o chapéu.
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