Atualizado em 09/01/2016
Pra se adaptar é preciso ser, não adianta apenas parecer. O camaleão é um animal bastante conhecido pela sua capacidade de se camuflar. Assim, ele consegue estar presente em um ambiente sem ser reconhecido, por mais que naturalmente ele seja completamente diferente.
A música do Haikaiss parece ser basicamente sobre isso: sobre como há pessoas que fingem ser o que não são para passar desapercebido em um grupo.
Isso no RAP é bastante reportado, não há uma discussão que não apareça a eterna disputa entre os falsos e os verdadeiros. É aquela de não adiantar dizer que é ou não, cê tem que fazer muito mais do que sua aparência tem a dizer.
Outra maneira de entender a música é que o RAP mora na rua e lá os MCs são camaleões, adaptados ao ambiente e prontos para “eliminar o inimigo”. Os rappers já conhecem os podres e as tretas, para derrubá-los cê vai ter que fazer muito mais do que o normal.
Ter um clipe dirigido pelo Toddy Ivon dá mais solidez ao trabalho do Haikaiss. Afinal, o diretor já tem nome forte nos vídeos de RAP, depois de ser amplamente elogiado pelos clipes de “Vou ser mais“, do Rashid, e “Chama os mulekes“, da Cone Crew Diretoria.
No clipe, que mistura uma história que traduz a ideia da letra com a presença dos MCs rimando em frente à câmera, destacam-se as máscaras inspiradas em Guy Fawkes, já bastante famosa e que sugere revolução.
Em meio ao forte uso das máscaras e essa ideia de conspiração, o clipe termina com um Haikai (como nos chamou a atenção o leitor Lucas Tristão) de Paulo Leminski: “Confira, tudo que respira, conspira”, que seria um alerta.
Outra parada da hora sobre o clipe é que o roteiro é do SPVIC, um dos integrantes do grupo. É muito foda essa multifuncionalidade que muitos rappers têm, isso sempre acrescenta mais ao trabalho artístico do próprio como também à força da própria cultura, pois gera integrantes bastante focados na produção.
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