Atualizado em 09/01/2016
Depois de um estardalhaço criado em cima do clipe, finalmente obtivemos o resultado final. Dirigido novamente por Fred Ouro Preto, Emicida transforma-se em “O Grande Dragão Negro” e lança seu mais novo clipe: da música “Zica, vai lá“.
Depois de lançar as fotos da gravação e os dois teasers, Emicida havia deixado bastante claro o caminho que seria seguido pelo seu novo clipe. Uma luta underground, artes marciais, convidados especiais, paródias de filmes internacionalmente conhecidos, enfim, você já tinha uma boa ideia do que aconteceria. Entretanto, eles conseguiram surpreender ao fazer algo de se arregalar os olhos. De novo!
E nem estamos falando do resultado numérico! Não precisamos comentar aqui que o lançamento foi feito no site da Red Bull de alguns países, com legenda específica, e que o site da empresa chegou a ter problemas devido ao enorme acesso. Vamos nos ater pura e simplesmente ao clipe e sua história.
Por alguns segundos teremos que concordar com os “haters” e dizer que a principio o filme parece uma cópia barata de algum enlatado da “Sessão da Tarde”. Aliás, teria tudo para ser “O Grande Dragão Branco” do tupiniquim, se não fosse pela música, pelos personagens e pela história do rapper Emicida.
Vamos começar pela música. De um refrão que acreditamos irá inspirar muitos moleques até frases como “Sobrevivi no inferno / a meta, ser alvo de câmeras que não fossem do circuito interno”, “Gravadoras creem que a sorte gera um Emicida / eu creio também que isso é o que as mantêm com vida”, entre outras marcantes, temos um clima bem diferente, bem mais original, bem mais atrativo. É um diferencial que não pode ser ignorado na comparação.
Quando você tem a sua equipe, mais grandes nomes do cenário atual do RAP Brasileiro (Rashid, Projota, Kamau e Rael da Rima), mais um campeão mundial de skate (Sandro Dias, o Mineirinho), mais um destaque da música brasileira atual (Gaby Amarantos) e o melhor jogador do Brasil no momento, você realmente tem algo grandioso na sua mão.
Ainda mais quando esse “melhor jogador” é o seu mestre. Sim, Neymar tem uma participação fundamental para o diferencial do clipe. Não pela sua atuação ou pelos muitos veículos de comunicação que atraiu, mas pela ligação que o jogador tem com o rapper. Seja pela ousadia trazida ao gênero ou pelo potencial enorme encontrado em alguém tão novo, não é à toa queEmicida já foi muito chamado de “Neymar do RAP“. Talvez, o clipe continuasse bom sem a presença do craque do Santos (que é também o time do rapper), mas teria perdido muito em significado.
Mas, qual a ligação entre o clipe e a história do Emicida? Primeiramente, vamos aos fatos. Em entrevista ao site do Creators Project Brasil, o diretor Fred Ouro Preto diz que a ideia de utilizar as artes maciais surgiu do princípio de fugir da mesmice na atuação do Neymar, já escalado pela equipe do rapper. Assim, o diretor quis usar filmes que fossem de fácil identificação do público, mesmo que vistos como ruins.
Dito isso, vamos viajar um pouco. O clipe mostra um Emicida que entra em uma luta por vingança. Não parece nada demais, mas ao mesmo tempo me lembra aquela frase do rapper “Ninguém faz RAP sem ódio“. Vingança é um estado de ódio, ou não é? Sem contar todo o clima de batalha underground que lembra um pouco uma batalha de MC. Sim, eu falei que iríamos viajar.
E ainda tem mais. O clipe segue mostrando um Emicida que entra confiante, treinado, tem talento, está pronto pra vencer até que é surpreendido com uma tática que não faz jus ao esporte. E não é que o rapper teve uma vida difícil, sofrida, mas sobreviveu na base da dedicação e do talento, venceu batalhas, fortaleceu-se e tinha tudo para vencer quando foi atacado de todos os lados com ideias que não faziam jus à sua história e o caminho que ele havia traçado. Pois, é!
E por fim, por causa de um treinamento além do comum, além do que qualquer outro lutador faria, Emicida alcança o objetivo desejado. Até parece fácil vencer como rapper tendo o treinamento em freestyle que Emicida tem, né? Sem contar uma equipe forte que o acompanha “desde o começo” e uma tática de marketing baseada na venda de cds a 2 reais e boca a boca pesadão na internet e na rua. Poucos pareceram se preocupar e olha onde isso o levou.
Pode parecer uma viagem tentar achar uma ligação plausível e talvez o clipe seja apenas uma paródia mesmo, mas até que não parece tão exagero assim. No mínimo, podemos dizer que o grande dragão branco ressurge na cor negra e dá ao Emicida uma boa chance de aparecer nas premiações em 2012.
Ah, e nem vamos cogitar a ligação do rapper assistir de perto algo (ou no caso alguém) que ele ama ser jogado ao chão e o boné “da rua” ser pisado com a discriminação e o esquecimento da cultura de rua pelos “grandes do país” porque não queremos ser acusados de embriaguez ao teclado.
Comente abaixo o que você achou do clipe. Na sua opinião, tem chance de levar algum prêmio?
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