Atualizado em 02/11/2012
Gangues, velho-oeste, break, rua. Com direção de Pedro Gomes, Rashid lançou o videoclipe da música “Quero ver segurar“, um dos sons mais aclamados de seu cd “Que assim seja“, lançado em março deste ano.
Convenhamos, se fosse pra escolher uma música do novo cd do Rashid para fazer um clipe, “Quero ver segurar” estaria, pelo menos, entre as 5 mais comentadas. Desde a batida, produzida pelo Laudz, até o tema incentivador e guerreiro ao mesmo tempo, o som se destaca. Aliás, essa pegada guerreira, meio gangueira, merecia um vídeo ao nível.
Trabalho para Pedro Gomes. E se você não o conhece, tá moscando. Além de ter produzido várias festas de RAP fodas, ele também é o diretor de alguns vídeos por aí, inclusive o “Freestyle: Um estilo de vida“, que a gente já falou aqui no site. Olha o que acontece quando você deixa a produção na mão de alguém que sabe o que tá fazendo:
Diferente de “Vou ser mais” e “Selva“, chamados por Rashid de webvideos, “Quero ver segurar” é considerado o primeiro clipe dele e tem uma produção “mais rica”: vários elementos extras, uma equipe maior, etc.
Tiveram alguns caras que acharam que o clipe poderia ser melhor, como sempre vai ter, cada um com a sua. Tiveram outros que disseram que algumas coisas não faziam sentido, que o clipe não tinha a ver com a letra. Tudo bem que é uma arte e cada um pode ter uma interpretação diferente, mas para nós tudo pareceu muito bem encaixado.
Primeiro, as tecnicalidades. Pra quem não entendeu os nomes das gangues, é uma adaptação do ótimo filme “The good, the bad and the ugly (O bom, o mau e o feio, traduzido ao pé da letra)”, que é um faroeste com o Clint Eastwood. Tem também a referência mais gangueira, dos tacos e tal que parece bastante com o filme “The Warrios (Os guerreiros, traduzido ao pé da letra)”.
Um filme sobre gangues e um filme sobre faroeste parecem uma ótima escolha para uma música que representa o conflito, a luta, a disputa do dia a dia. A escolha do “clichê”, com o perdão da palavra, também foi ótima. Ou vai dizer que você não achou que eles realmente iriam quebrar tudo com os tacos? No fim, era só pra acender e as gangues formavam uma roda de dança.
Aliás, essa não é a representação de cada rueiro? Todo mundo que já participou de um “freestyle de fundo de buzão” ou de uma roda de batalha ou dança na rua sabe como as pessoas olham: elas acham que são bandidos, mendigos, arruaceiros! E o clipe quer que você pense isso, até o momento que mostra quem eles realmente são, o que eles realmente querem.
“A escola ensina 1+1=2 e tá bonito. A rua ensina nóiz + nóiz = infinito”. A música fala disso, a música fala do que você aprende na rua. Aprende sobre união, aprende a ver as coisas de uma maneira diferente, que nem tudo é o que parece. Você tem diversos tipos de pessoas, no caso duas gangues “rivais”, sendo unidas por um elo, “o bom”. No caso, o Rashid, mas…
Pode parecer um pouco presunçoso da parte do Rashid se classificar como “o bom”, mas, no nosso ponto de vista, não tem a ver com ele, e sim o Hip Hop. Diversos tipos de pessoas diferentes, tanto em cor, quanto em credo, unidos pela arte, pela rua. Várias pessoas que ao conviver com a cultura, viram o outro lado e mudaram pra mudar o mundo. Vários ficaram pelo caminho, mas os que chegaram representam e mantém a força do movimento. O mundo tenta desacreditá-los, mas ninguém para esses “loucos”.
No final, quanto à polícia aparecendo e “o bom” saindo ileso, parece uma mensagem do tipo: os inteligentes irão derrubar o sistema, mantendo-se dentro do sistema. Quando você queima um carro pra protestar, você dá razão a eles. Quando você segue pelo caminho da mensagem, do protesto artístico, da educação, o impacto será bem maior. Guardando as devidas proporções, parece aquela do Facção “O sistema tem que chorar, mas não com você matando na rua. O sistema tem que chorar vendo a sua formatura.”
Enfim, viajamos um pouco, como é de costume, mas precisávamos contar um pouco da nossa opinião. Pedimos aqui desculpas ao Pedro Gomes e ao Rashid se erramos feio na interpretação, mas como dissemos: a arte abre espaço para muitos pontos de vistas. Aqui, expressamos o nosso… qual é o seu?
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