Atualizado em 15/01/2017
Nesta terça-feira, 27 de setembro de 2016, o Vai Ser Rimando completa exatos 6 anos. Acredito que teremos muita coisa foda pela frente ainda e talvez fosse a melhor hora pra projetar isso, mas como nunca falei assim abertamente da história do site, acho que essa também é uma boa oportunidade.
É bem verdade que recentemente listei os 12 discos que marcaram a minha vida e, consequentemente, a do site também e os mais curiosos já tão ligados que tem uma seção “a quem possa interessar” com alguns detalhes. Mas, existe uma questão em especial que queria tratar, até pra acabar de uma vez por todas com mal entendidos: o porquê do nome “Vai Ser Rimando”.
No começo, quando eu ainda só tinha produtos do Laboratório Fantasma na revenda, muita gente achou que tudo isso era uma parada organizada pela equipe do Emicida. Embora isso esteja em nenhuma das páginas do VSR, acredito que deva ser culpado pela falta de explicações. Afinal, numa época que o rapper não era assim tão conhecido pelo Brasil, vender produtos oficiais dele e se chamar “Vai Ser Rimando” era quase uma associação natural pros fãs.
Já tive conexão direta com o Emicida e outros membros do Lab, como o Fióti, principalmente, mas tudo no intuito de revendas, promoções, entrevistas, enfim, ofícios de uma relação saudável entre a mídia do rap brasileiro e o artista. Mas, acho que vale repetir: nunca fiz parte da equipe do Laboratório Fantasma.
Mas, e o nome? Bom, o nome é, de fato, uma referência à música homônima da mixtape “Pra quem já mordeu um cachorro por comida até que eu cheguei longe…”. É uma referência em dois níveis:
- Conteúdo: o Vai Ser Rimando surgiu, num primeiríssimo momento, como um espaço pra eu colocar umas rimas minhas, então o nome fazia ainda mais sentido. Até hoje, quando apresento o site para quem não o conhece e/ou não faz parte do “universo do rap”, a pessoa espera ver só rimas e poemas. Acho que faz sentido, mas mesmo com a evolução para notícias e opiniões da cena, achei que o título ainda fazia todo sentido porque a letra do som dá um detalhamento sincero de todo o “sofrimento”, toda a luta que é a parte da criação e distribuição da sua arte. Emicida fala especificamente da rima, mas pode ser usado pelo seu amor por inúmeros outros temas; é aquela parada de realmente dar a vida por algo que você acredita;
- Homenagem: como eu escrevi recentemente, o trampo do Emicida abriu umas portas muito interessantes na minha vida, principalmente ligadas ao rap brasileiro; foi um dos principais fatores de eu ter começado meu envolvimento mais a fundo no hip hop porque deu a ideia bem no começo já que era possível fazer, mesmo sem grana, sem nome, simplesmente trampar certo e chegar sem arrastar (não, pera, esse foi o Criolo…). Não to dizendo, de maneira alguma, que se não fosse ele ou a “Vai Ser Rimando”, isso tudo não existiria, mas, definitivamente, teria demorado muito mais pra acontecer e imagino que não teria o mesmo impacto. Até porque, a homenagem, especialmente no começo, rendeu muito apoio na divulgação das publicações por parte do Laboratório Fantasma.
Mesmo em meio a tantas transformações, o objetivo lcom o site sempre foi o de espalhar o rap. Não apenas popularmente, mas com todo o conceito de luta e liberdade que carrega na raiz. A minha ideia principal continua sendo a de fazer com que outras pessoas enxerguem no rap o que eu enxergo. Sou um branquelo de classe média do interior de Santa Catarina: as estatísticas dizem que eu não deveria ouvir rap e a minha realidade mostra que as pessoas ao meu redor, num geral, não ouvem rap.
O preconceito existe e é grosseiro, este nem velado é. Cês já notaram quantas pessoas dizem não gostar de rap porque é muito violento, acham que hip hop é só dança, mas publicam trecho de letras e até tatuam o corpo com versos? Nunca duvidei que a força e beleza que a mensagem que o hip hop passa podiam ultrapassar essas barreiras.
eu acho a tag #vairap muito foda!!
— emicida (@emicida) 28 de fevereiro de 2011
Criei a tag #vaiRAP de forma bem despretensiosa com esse intuito e fico honrado de ver vários envolvidos usarem no dia a dia, reforçando essa força, essa vontade de ver o rap caminhando. Em cada publicação, quando abria para minha opinião, gostava de ressaltar e explicar por que aquilo era tão grandioso. Às vezes, é meio depressivo pensar que a gente precise ou deva ficar tentando provar pros outros o quão incrível é tudo isso, mas era sempre uma recompensa maravilhosa quando alguém dizia “sua descrição do show me arrepiou, na próxima estarei lá”.
Acho que esse é o motivo maior mesmo. Muito além das discussões egocêntricas levantadas pela “Quem tava lá?”, o que vale mesmo é ressaltar a importância de estar lá “independente de onde o seu ‘lá’ esteja”; é mostrar que se o hip hop salvou tantas vidas foi porque sempre teve muita gente envolvida que deu a vida pelo hip hop também. Entregou-se de corpo e alma, dedicou-se a algo que amava e foi até o fim. Talvez não dê grana, não dê fama, mas somos isso e vivemos isso; se a gente cair, levantar ou continuar na merda, não importa, vai ser rimando.
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