Nó na Orelha: o RAP doido do Criolo

Atualizado em 29/07/2014

Capa do CD 'Nó na orelha', do Criolo

Indescritível. Fica complicado fazer uma resenha de um cd que nos deixa, literalmente, sem palavras. Criolo fez uma parada que mesmo quando dá errado, as pessoas devem elogiar: ele ousou. E deu certo!

Faça o download oficial do CD “Nó na orelha”.

A real é que o Criolo, ainda quando era chamado de “Criolo Doido”, havia pensado em parar de fazer RAP. Não literalmente, mas deixar de lado e dedicar-se ao lançamento de novos nomes. Foi quando ele e DJ DanDan, que sempre o acompanha, começaram a levantar a Rinha dos MC’s, no Vale do Anhangabaú.

Em algum momento, por sorte (mais nossa do que de qualquer outra pessoa), alguém chegou pra ele e sugeriu gravarem as paradas que ele tinha escrito. E tinha muita coisa boa! Com produção de Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, “Nó na Orelha” foi escolhido o melhor cd de 2011 por diversos veículos. Tanto o cd quanto o rapper foram aclamados pelo público e pela crítica.

Tinha tudo pra ser assim mesmo. A prévia que foi lançada pra chamar a atenção pro cd foi nada mais nada menos que “Não existe amor em SP“, também enormemente premiada. Poética e ritmada. Não somente gostosa de ouvir, mas com uma puta de uma mensagem. Não só o RAP, mas a música brasileira precisava dessa chacoalhada.

Tem gente que critica. Falam de um “Criolo das antigas”, quando suas músicas eram “mais pesadas”. Entretanto, pergunto: será que cês tão ouvindo o cd certo?

Subirusdoistiozin“, além de um clipe muito bem produzido, apresenta uma história pesada. De quebrada, mesmo. Nessa linha, “Mariô“, “Grajauex“, “Sucrilhos” e “Lion Man” também compõem a “ala gangueira” do cd.

Mais do que isso, mesmo as músicas que as pessoas consideram “mais calmas”, apenas parecem. A escrita profunda do rapper pode ter limitado o compreendimento geral, mas as mensagens passadas são até mais pesadas que muitas produções que tem por aí. Aliás, até mais do que muitos que se dizem “militantes”.

O segundo clipe que saiu do cd desapontou uma boa parte dos fãs. Não pela qualidade do mesmo, que ficou ótimo. A história novamente muito bem contada. Mas pela escolha, na espera por “Lion Man” ou “Sucrilhos“, por exemplo, vimos-nos aplaudindo “Freguês da Meia Noite“.

Criolo deu-nos um “nó na orelha”, de verdade. Com uma mistura do hip hop com samba, soul e reggae, ele abriu novas portas e, provavelmente, a cabeça de muita gente.  É um tipo de RAP maluco, é poesia pura, ritmada como as raízes do gênero pedem. É arte. Sem nenhuma aula específica, Criolo dá um show de sonoridade. Muito além da voz, ele canta com o coração.

No “De frente com Gabi“, ele diz que tirou o “Doido” do apelido porque considerava que o adjetivo só poderia ser usado para algo realmente bom e que ele talvez não estivesse à altura. Criolo, sua modéstia e humildade nos encanta, mas você é sim um dos rappers mais “doidos” que o Brasil já viu. E mais, possui um dos cds mais “doidos” que já ouvimos também. “Nó na Orelha“. Simplesmente, indescritível.

seja o primeiro a comentar

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *