O vírus Ebola continua fazendo vítimas na África. Na semana passada, entre os dias 14 e 16, foram 84 mortes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Assim, a conta oficial chega a 1.229 em 2.240 casos registrados.
Nesses três dias citados de agosto, o país com o maior número de mortes foi a Libéria, com 53 vítimas fatais. Mas, nem tudo é sofrimento no país. Ou, pelo menos, pode se dizer que houve uma notícia boa entre tantas tristes.
Contaminado como tantos outros médicos, o liberiano Melvin Korkor foi um dos poucos que conseguiu escapar. “Todos os meus colegas morreram ao meu lado”, contou em entrevista ao Estadão.
Salvo por um “milagre”, Korkor relatou como aconteceu a contaminação, os estágios da doença e todos horrores que aconteciam ao seu redor. Mesmo tendo passado por uma guerra em seu país, ele afirma nunca ter sentido tanto entre a vida e a morte quanto nos quatro dias que ficou em estado grave.
Ainda em quarentena, o médico espera poder voltar ao trabalho o quanto antes. Para ele, a declaração de calamidade pela OMS veio muito atrasada.
“A verdade é que, se essa doença existisse nos Estados Unidos ou na Europa, amanhã haveria uma solução para ela. Há 40 anos todos sabem que existe o Ebola. Mas sabe qual o problema? É que esta doença está na África. Só africanos morrem dela. Se fosse no Ocidente, a medicina já teria uma solução. Vamos ser claros: só não existe solução para o Ebola porque ele só mata africanos. Olha o que está acontecendo nos Estados Unidos. Assim que dois americanos foram contaminados, já se fala em um remédio experimental”, criticou ele ainda ao Estadão.
Se a falta de uma cura completa fosse o único problema, ainda seria possível pelo menos manter as pessoas em condições de lutar pela sobrevivência, como o próprio Melvin Korkor, mas as condições básicas também interferem.
“Em muitos hospitais, os pacientes comem apenas uma vez por dia. Não há organismo que resista”, completa o médico.
Vi no Estadão.
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