Marcello Gugu lançou um dos melhores discos de 2013, inquestionavelmente. Mas, muito mais do que isso, ele disponibilizou praticamente um livro em áudio, cheio de personagens, enredos e muita poesia.
Leia mais:
– Gugu Genius: rapper explica e revela detalhes sobre suas músicas;
– Marcello Gugu lança mixtape “Até que enfim, Gugu”.
Mais do que usar o Hip Hop pra contar histórias, ele tem recontado a história através do Hip Hop. Há aproximadamente 5 anos, o rapper iniciou um projeto em escolas no qual utiliza o conhecimento aprendido na cultura de rua para revisitar fatos históricos.
Intitulada “Infinity Class: redefinindo a história sob a ótica do Hip Hop” em homenagem às “aulas que eram ministradas dentro da Zulu Nation para a comunidade negra americana”, a palestra “aborda toda formação da historia sócio-cultural e política do Hip Hop”.
“É impossível falar de nossa cultura sem falar da história de resistência, de Rosa Parks, Huye P, Malcom e Martin, é impossível falar de Hip Hop sem falar de politica, principalmente uma politica segregacionista que existia nos anos 60, 70 e que tem resquícios até hoje”, explica-nos Marcello. “Transformar uma energia destrutiva em criativa, fazer as pessoas se enxergarem como membros importantes de uma comunidade, acreditar nos valores que o Hip Hop transmite e se isso chegou a mim e transformou minha vida, nada mais justo de que poder transmitir isso ao próximo”, completa.
E essa tão importante transmissão de conhecimento pode ocorrer das mais variadas formas, depende do interesse de quem o convoca. “Geralmente levo dois Mc’s quando pedem para demonstrar como funciona uma batalha de rima, mas não é uma regra, às vezes, no final da palestra rola uma oficina de escrita, um exercício sobre rimas, uma oficina de Mc’s/poesia”, conta.
Quando Gugu revela que “os alunos começaram a ler mais ou tomaram gosto pela escrita depois de uma oficina”, não é de se surpreender. Afinal, uma cultura que já provou até academicamente que ensina e motiva através da música tem tudo pra ampliar esses valores quando bem debatida nas próprias instituições de ensino.
“Acredito que transmitir ao próximo algo que contribua para seu crescimento pessoal faz com que formemos uma rede para melhoria de uma comunidade. Cada um fazendo seu papel muitas vezes pode significar cada um fazendo TODOS. A meta é: ser um é ser todos”, finaliza o rapper.
seja o primeiro a comentar