Atualizado em 09/01/2016
Ele voltou. Depois do lançamento da mixtape “Doozicabraba e a Revolução Silenciosa“, o rapper Emicida esteve um pouco ausente de novas criações, focando-se em outros pontos da sua carreira, outros horizontes. Mas, em meio ao que aconteceu no Moinho, no Pinheirinho, na Cracolândia, no Rio dos Macacos, Alcântara e outros lugares talvez menos conhecidos, o rapper voltou com webvídeo e tudo para colocar, literalmente, o “Dedo na Ferida“.
Depois do apoio em seus perfis nas mídias sociais às vítimas dos acontecimentos já mencionados, Emicida agora montou algo muito mais concreto. Com imagens das ações da polícia e também sua e do DJ Nyack no Cachoeira, onde cresceu, o rapper aproveitou todo o seu nome e a amplitude da sua voz para criticar a legislação brasileira e seus “comandantes”.
Com vídeo fortemente descritivo, de Nicolas Prado, beat pesadão, do Renan Samam, cheio de scratches loucos, do DJ Nyack, e citações de vários clássicos do RAP, “Dedo na Ferida” é, ironicamente, tão explosiva como as ações da polícia. É o rapper contra-atacando da maneira que pode: com suas rimas inteligentes e sua influência. A verdade é que, indiretamente, a música também é um dedo na ferida de quem havia dito que o RAP tava virando modinha e perdendo a cobrança. Aliás, é um apertão na ferida, pois o refrão e a segunda estrofe, principalmente, são putas pedradas.
Abaixo cê confere o vídeo, a letra e o download oficial:
Letra: (Fonte: Emicida.com)
scratchs ( pimenta nos zóio dos politicos )
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( a fúria negra ressuscita outra vez )
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( anota meu recado)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( primeiro eu quero que se foda )
Renan Samam, Emicida, o rap ainda é o dedo na ferida…
Vi condomínios rasgarem mananciais
a mando de quem fala de Deus e age como Satanás.
(Uma lei) quem pode menos, chora mais,
corre do gás, luta, morre, enquanto o sangue escorre –
é nosso sangue nobre, que a pele cobre,
tamo no corre, dias melhores, sem lobby.
Hei, pequenina, não chore.
TV cancerigena,
aplaude prédio em cemitério indígena.
Auschwitz ou gueto? Índio ou preto?
Mesmo jeito, extermínio,
reportagem de um tempo mau, tipo Plínio.
Alphaville foi ilusão, incrimine-os
Grito como fuzis, Uzis, por brasis
que vem de baixo, igual Machado de Assis.
Ainda vivemos como nossos pais Elis
quanto vale uma vida humana, me diz?
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( a furia negra ressuscita outra vez )
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( anota meu recado)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( primeiro eu quero que se foda )
Renan Samam, Emicida, o rap ainda é o dedo na ferida…
É só um pensamento, bote no orçamento
nosso sofrimento, mortes e lamentos,
forte esquecimento de gente em nosso tempo
visto como lixo, soterrado nos desabamento
em favela, disse Marighella. Elo
contra porcos em castelo
o povo tem que cobrar com os parabelo
porque a justiça deles, só vai em cima de quem usa chinelo
e é vítima, agressão de farda é legítima.
Barracos no chão, enquanto chove.
Meus heróis também morreram de overdose,
de violência, sob coturnos de quem dita decência.
Homens de farda são maus, era do caos,
frios como halls, engatilha e plau!
Carniceiros ganham prêmios,
na terra onde bebês, respiram gás lacrimogênio.
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs (a fúria negra ressuscita outra vez)
foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs (anota meu recado)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs (primeiro eu quero que se foda)
Renan Samam, Emicida, o rap ainda é o dedo na ferida.
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