Na “Semana da Consciência Negra”, CQC expõe o racismo no Brasil

Na última segunda-feira (18), o CQC exibiu em seu “Documento da Semana” uma matéria sobre o racismo no Brasil, comandada pelo Ronald Rios e produzida pela Eyeworks Cuatro Cabezas, a mesma produtora do programa “A liga”, ambos da Band.

O “documento” foi especial para a “Semana da Consciência Negra”, que embora não tenha uma data específica, rodeia sempre o “Dia da Consciência Negra“, que foi comemorado na quarta-feira seguinte, dia 20 de novembro.

Além de apresentar dados sobre as diferenças salariais e sobre a taxa de mortalidade extremamente maior dos jovens negros, entre outros, o programa também conversou com o povo e alguns especialistas na área.

“6 da manhã, a mãe sai com a criança, que não pode deixar em casa sozinha, e vai trabalhar. Sai lá de um bairro pobre e vai lá prestar seu serviço num bairro rico. No meio do caminho, o filho fala ‘poxa, mãe, que diferente esse bairro: as casas são bonitas, as ruas são largas, tem árvore na calçada. Que bairro é esse? Por que aqui é assim, diferente de onde a gente mora?’ E a mãe diz, ‘ah, filho, porque aqui é um bairro de classe média, um bairro rico’. Ela poderia responder pra ele: ‘é um bairro de brancos’?”, questiona Douglas Belchior, professor da UNEAFRO Brasil e escritor do blog “Negro Belchior”, da Carta Capital. “Esse é o grande nó e a grande mágica do racismo no Brasil. Apesar de ele ser explícito e real, existe uma tendência a negar”, completa.

Belchior também falou sobre o ensino da cultura negra nas escolas e a lei 10.639, que, na verdade, promoveu pequenos avanços, mesmo com sua promulgação tendo sido há uma década.

Por fim, Ronald Rios falou com o rapper Emicida, que já debateu o assunto e o expôs em suas letras inúmeras vezes, especialmente na “Cê lá faz ideia“.

“Eu observo a maneira como as pessoas lidam com pessoas que não são famosas e comigo. Comigo, as pessoas, em tese, deixam de ser racistas. Mas, eu vejo na madrugada, quando eu vou parar um táxi, que o racismo tá aí presente porque os táxis não param e as viaturas param”, conta. “O racismo é um crime e o Brasil inteiro é conivente com esse crime. Se o meu vizinho rouba, se o meu vizinho é traficante e a polícia descobre ele na casa dele e, de alguma maneira, eu tenho alguma ligação com isso, eu sou conivente e assino o crime junto com ele. O racismo tá descrito no código penal e o Brasil inteiro assiste aquilo: ele entra na faculdade, não vê os pretos e não vê ligação disso com um estado racista; nas boas colocações de emprego, ele não vê os pretos e não vê isso como uma realidade racista; e isso é racismo”, finaliza.

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