Desculpe-me, sr. Morgan Freeman, mas eu vou falar sobre o racismo

Atualizado em 19/02/2019

Não sei se todo mundo viu, mas circulou pela internet um vídeo do Morgan Freeman falando sobre racismo. Ou melhor, falando em não falar sobre o racismo. Mesmo que muita gente tenha concordado com ele, resolveram espalhar o vídeo por todos os cantos. Ou seja, eles concordaram em não falar sobre o racismo falando sobre ele.

Vi e li muitas pessoas concordando e muitas discordando e, por incrível que pareça, a maioria possuía bons argumentos, pra ambos os lados. Temos uma discussão (voz do Everaldo Marques e Paulo Antunes)!

Este é um blog de opinião e RAP; o assunto é racismo. Não havia como ficar de fora. Mas, se vou falar sobre racismo, não poderei falar só sobre o vídeo, mas também não poderei ir muito além, senão teriam que ser feitos centenas de posts. Tentarei encontrar o melhor equilíbrio entre amplitude e precisão possível.

Além de toda discussão que foi criada nas redes sociais, este post tem também um pouco de influência do post do Comunicadores.

Agora que você com certeza viu o vídeo, podemos falar sobre ele. Posso falar sobre ele, certo? Ah, é sobre o racismo que não posso falar. Ok, ok. Freeman começa repudiando o “Mês da Consciência Negra”, que aqui no Brasil seria o nosso “Dia Nacional da Consciência Negra”. De acordo com ele, o Estados Unidos não precisa de um mês para “destacar os negros” porque os negros já são os Estados Unidos, a história do país, já estão na alma disso, não há como falar disso tudo em um só mês.

Bom, isso é óbvio, não é mesmo? Se você pensar que o “Dia da Consciência Negra” é o único dia do ano que você deve pensar que existem negros, então sim, é um dia inútil. Mas, penso diferente: se não fosse o “Dia da Mulher”, você saberia alguma coisa sobre a revolução que aquelas mulheres fizeram?

Assim como o dia de várias coisas, como o “Dia de Tiradentes”, o “Dia da Consciência Negra” não é um dia pra você diferenciar negros de brancos, mas sim pra você entender e conhecer mais da história e da luta que os negros passaram pra chegarem aqui. Sim, eles tiveram de lutar e muitos morreram pra TEREM OS MESMOS DIREITOS QUE OS BRANCOS!

E não me venha com essa merda de “Ah, e por que não há um ‘Dia da Consciência Branca’?”. O dia que o branco for minoria e tiver que se unir pra conseguir sobreviver em uma sociedade na qual o negro toma conta, então poderemos falar sobre isso.

Tá, vamos seguir para a parte mais interessante do vídeo. Muita gente entendeu que o ator quis dizer para não falarmos sobre racismo, no sentido de esquecer isso, deixar pra lá. Eu discordo, pra mim Freeman apenas afirmou que a solução para o racismo é pararmos de ver as pessoas como negras e brancas, e passemos a vê-las como pessoas, sem distinção de cor.

Antes de mais nada, gostaria de deixar claro que, na minha opinião, chamar alguém de branco/negro não é problema algum, não é racismo. As pessoas são diferentes, de cores diferentes, sim. Se eu precisar, por algum motivo que seja, descrever alguém, eu vou dizer que ele é negro, branco, roxo, rosa. O problema é que as pessoas costumam carregar certas conotações junto com as cores e é aí que mora o perigo. Se eu deixar de contratar alguém por ele ser dessa ou daquela cor, é racismo. Se eu ligar a sua cor a um defeito ou atitude sua, é racismo. E assim vai…

Morgan Freeman não está errado. De maneira alguma. Afinal, se pararmos de distinguir as pessoas como negras e brancas, não teremos mais racismo, porque não teremos mais “raças” diferentes. Entretanto, a questão é gigantesca para uma resposta tão ingênua.

Dizer que a solução para o racismo é parar de distinguir as pessoas como negras e brancas é o mesmo que dizer que a solução para controlar a violência é pararmos de bater um no outro. É óbvio! Isso não é solução pra nada! Se tudo fosse assim tão simples, não haveriam mais problemas no mundo!

Eu não estou criticando o Morgan Freeman, ele deu a resposta ali na hora, é um programa de TV, não há como fazer toda uma reflexão sobre o assunto. Mas, estranhei demais quem o tratou como gênio da humanidade por essa resposta.

Se julgam nossas leis de forma diferente para negros e brancos, como querem que acabemos com o racismo apenas por não chamar o outro de negro e branco?

Se eu sei qual a solução para o racismo? Não. É uma questão muito grande para apenas uma resposta. Só sei que ele não pode ser ignorado. Achar que o racismo acabou ou que não existe é o pior. Já dizia o Gabriel o Pensador: “O racismo é burrice, mas o mais burro não é o racista; é o que pensa que o racismo não existe”.

2 Comentários

  1. Barbara
    08/01/2018
    Responder

    “Eu discordo, pra mim Freeman apenas afirmou que a solução para o racismo é pararmos de ver as pessoas como negras e brancas, e passemos a vê-las como pessoas, sem distinção de cor. “
    Eu concordo com vc, pra mim ele tbm quis dizer isso, mas muita gente preferiu entender que ele disse “vamos deixar pra lá e fingir q não existe”, como se a culpa de existir racismo fosse das pessoas que sofrem racismo

  2. Bruno
    07/08/2018
    Responder

    nossas leis diferente para negros e brancos? onde? somos iguais perante a lei, há diferença nenhuma…
    grabriel pensador não é parametro pra nada, esse cara simplesmente tem PT como estimação e usa lei rounert e vai em palestras com dinheiro publico, não tem caráter algum..

    quando as pessoas falam que racismo não existe,simplesmente está pensando além, somos iguais mas de diferentes etnias, ninguém é de raça diferente…isso já foi desmentido pela ciência..e o Brasil não existe ”tensão racial” como nos EUA, estão querendo colocar isso neste país! não é atoa que Morgan disse isso.. pq lá existe tensão racial! quanto mais se fala pior é as coisas são lá.

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