Atualizado em 01/09/2014
O racismo não é uma novidade no futebol brasileiro, mas novos casos têm ganhado cada vez mais repercussão. Depois de nomes como Grafite, ex-jogador do São Paulo, e Tinga terem colocado o assunto na boca do povo, foi a vez do Aranha, do Santos, levantar mais uma vez a questão.
Agredido pela torcida do Grêmio com injúrias raciais, em partida realizada na última quinta-feira (28), o goleiro conseguiu chamar a atenção das câmeras para os agressores; até o momento, cinco já foram identificados.
Mesmo claramente irritado no campo, Aranha foi extremamente racional em querer que os criminosos fossem flagrados. Sem se deixar abalar pelos xingamentos, o goleiro credita a um gênero musical a sua preparação emocional.
“Eu tive a felicidade de aprender muito com o RAP”, contou ele ao Fantástico. “Como na periferia a gente ouve muito isso porque é aquilo que tá na nossa realidade, eu cresci preparado pra esse tipo de situação. Por isso eu não chorei, não fiquei abalado. Eu expus a minha revolta, fiquei com muita raiva, mas eu sabia que tinha que ser mais inteligente que aquele povo.”
Aranha ainda foi mais longe. Em um momento que não foi ao ar no programa deste domingo, ele fala sobre a educação manipulada como um dos motivos para o racismo estar ainda tão evidente mesmo séculos após a abolição.
“Tem muitas coisas que a gente aprende não erradamente, mas de maneira distorcida ou só uma parte da verdade. Muitas coisas que ensinam nas escolas sobre negritude, sobre a nossa cultura negra e a construção do país são coisas distorcidas”, afirmou. “Pra muita gente, os bandeirantes são só heróis. Você vê nome em ponte, em rodovia. […] Ah, a Princesa Isabel libertou os escravos. Mas, a gente foi o último país. Eu acho que assinou porque se não assinasse o bicho ia pegar. Não tinha mais como, já tinha Quilombo com mais de 30 mil pessoas. São muitas informações que não ensinam na escola.”
– Assista à entrevista completa do Aranha ao Fantástico.
Aranha procurou a justiça logo depois do acontecimento e registrou Boletim de Ocorrência. Ainda sem punição alguma referente ao caso, parte da torcida do Grêmio voltou a entoar o coro de “macaco imundo” nesse final de semana, quando o clube enfrentou o Bahia; grande parte do estádio respondeu com vaias.
Vi no Fantástico.
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