Como o filme “Cidade cinza” já havia mostrado, o descaso da Prefeitura de São Paulo com a arte de rua é profundo. Não só há poucos espaços autorizados para expressar a arte como também estes próprios sofrem com a atitude de funcionários desavisados ou mal intencionados.
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Mas, as coisas podem começar a mudar nos próximos meses. Não, a prefeitura não irá simplesmente se render ao graffite e liberar geral, mas pelo menos tenderá a diminuir as lambanças.
De acordo com a Folha de S. Paulo, um manual será criado por uma comissão de artistas, críticos e urbanistas. Os funcionários responsáveis por apagar as obras serão “treinados” para evitar que as autorizadas desapareçam. Ainda de acordo com a matéria, a prefeitura pensa em criar um roteiro do graffiti, tornando-o um passeio turístico.
“O funcionário da limpeza é quem define o que é graffiti ou não. Ele olha e diz: ‘isso é feio, vou apagar’. Não podemos ser reféns de uma análise artística de quem não conhece”, diz Gabriel Medina, coordenador de políticas para a juventude da periferia, também à Folha.
Entretanto, a discussão não é somente entre as autoridades e os graffiteiros. Para o pichador Cripta Djan, o desenho apagado é um espaço livre para um novo desenho surgir. Caso contrário, para ele, não há renovação. “Começa a ter o mesmo autoritarismo que a propriedade privada exerce sobre espaço público”, teria dito à mesma reportagem.
No final das contas, entre apagar tudo e apagar nada, o revezamento é, possivelmente, a única saída justa. De qualquer modo, é importante que a troca tenha um certo aviso/explicação, assim evitaria-se a arbitrariedade com cara de censura que temos visto muito por aí.
Vi na Folha de S. Paulo.
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