Desde seus primeiros passos oficiais na música, Emicida apresentou uma visão diferente para inúmeros aspectos do RAP Brasileiro; inegável. Mas, uma de suas maiores qualidades possivelmente é o conteúdo de suas letras.
O rapper traz para suas letras as raízes do próprio gênero musical e da cultura negra e consegue alinhar isso a uma grande gama de instrumentais, o que poucos conseguiram.
Em seu mais recente lançamento, “Obrigado, Darcy (O Brasil que vai além)“, tudo isso fica ainda mais explicito; Emicida homenageia o antropólogo Darcy Ribeiro, que mostrou em seus livros a história que tentaram “esconder” do país.
“Tinha o lance de desenhar o país fora do clichê. Achei que a música tinha que ir mais pelo viés da esperança, da reflexão sobre o Brasil, do que falar de água de coco, Cristo Redentor, bateria da Mangueira. Quando, em Obrigado, Darcy, falo ‘um povo que tem como seu maior bem gritar gol’, não estou fazendo uma crítica às pessoas serem apaixonadas pelo futebol, estou fascinado pelo modo como, no meio de tantas mazelas, as pessoas conseguem achar força para isso”, diz ele ao Estadão.
Embora faça um trampo exemplar em despertar a curiosidade e a procura por informações naqueles que escutam suas músicas, o rapper acredita que essas informações precisam chegar antes.
“Ano passado fez dez anos da lei 10.639, que obriga a história da África a fazer parte da grade curricular. Mas é muito delicado, o racismo come solto na infância. É lá que a gente precisava trabalhar. É muito difícil você inserir a história da África num lugar onde as pessoas veem o cabelo crespo como um crime. Tenho dois trabalhos: acompanhar o que a escola ensina para a minha filha e tenho que ensinar para ela que o cabelo dela é bonito do jeito que é, que a cor da pele dela não é um defeito. Comprei até uns tutoriais de como escrever livro infantil, quero conversar com as crianças”, afirmou ele criticando o ensino da imensa maioria das escolas.
Emicida recentemente participou de alguns episódios da série “Educação.doc”, que está sendo exibida pelo Fantástico e apresenta alguns exemplos de escolas públicas que têm feito um ótimo trabalho.
Vi no Estadão.
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