Em clipe “Linhas Tortas”, Gabriel o Pensador desabafa e fala sobre sua paixão por escrever

Atualizado em 06/01/2016

Mais uma vez, genial. Depois de polêmica envolvendo seu cachê para ser patrono da Feira do Livro de Bento Gonçalves, Gabriel o Pensador lança música e clipe “Linhas Tortas” como desabafo pelos acontecimentos e relembra sua trajetória e sua paixão por escrever.

Pra quem não ficou sabendo, rolou uma grande confusão com a participação do Gabriel o Pensador na Feira do Livro de Bento Gonçalves. O que se falou é que ele cobraria 160 mil reais para ser o patrono do evento. Entretanto, como veio a ficar esclarecido, nesse preço haviam muito mais detalhes: somados impostos, quase metade foi em livros comprados pela prefeitura para a feira; mais um show que faria em praça pública; mais despesas com viagens, hospedagens e alimentação.

Gabriel o Pensador na Feira de Livros de Bento Gonçalves, 2012

O que causou a confusão foi todos esses itens terem sido agregados à feira, quando na verdade faziam parte também de outras ações. Ao final, parece que o Pensador realizou o evento de forma gratuita, pelo menos referente ao seu cachê, como ele menciona no clipe.

Aliás, “Linhas Tortas” foi inspirada diretamente nesses acontecimentos. Gabriel a criou como forma de desabafo. Além disso, ele agregou à letra bastante de sua trajetória e de sua paixão por escrever. Ficou simples, real, verdadeiro, como sempre estivemos acostumados a ouvir dele. Desculpem o trocadilho, mas é ótimo ver (e ouvir) que um grande pensador como ele está de volta ao RAP.

Ano passado, lançou alguma coisa aqui e ali, mas pouco ouvia-se falar. Agora, ele parece mais ativo e as notícias de que está gravando um novo cd vão se aquecendo. Será que vem em 2012? Esperamos que sim!

Abaixo cês conferem o clipe e a letra da música:

Letra: (Ajude-nos a corrigir nos comentários!)

Alguns às vezes me tiram o sono, mas não me tiram o sonho
Por isso eu amo e declamo, por isso eu canto e componho
Não sou o dono do mundo, mas sou um filho do dono
Do verdadeiro patrão, do verdadeiro patrono

E aí, Gabriel, desistiu do cachê?
Cancelei um trabalho aí, pra não me aborrecer
Explica melhor, o que foi que você fez?
Tá, tudo bem, eu explico pra vocÊs
Tudo começou na aula de português
Eu tinha uns cinco anos ou talvez uns seis
Comecei a escrever, aprendi ortografia
Depois as redações, “para nossa alegria!”
A professora dava tema livre, eu demorava pra escolher um tema
Mas depois eu viajava e nessas viagens surgiam
Pensavam, sentiam, choravam, sorriam
E a minha tia-avó, veja só você
Me deu de aniversário uma máquina de escrever
Eu me senti um baita jornalista, tchê
Que nem a minha mãe, que trabalhava na TV
Depois, aos 15, mas com muita timidez
Fiquei muito sem graça com o que a professora fez
Ela pegou meu texto e leu pra turma inteira ouvir
Até fiquei feliz, mas com vontade de fugir
Então, eu descobri que já nasci com esse problema
Eu gosto de escrever, eu gosto de escrever
Crer, ver, crer
Eu gosto de escrever e escrevo até poema

Meu pai eu confesso
Eu faço prosa e verso
Na feira eu vendo livro
No show eu vendo ingresso
Na loja eu vendo disco
Já vendi mais de 1 milhão
Se isso for um crime
Quero ir logo para a prisão
(x2)

Ih, Pensador, isso é grave, heim
É, vovó dizia que eu já escrevia bem
Tentei me controlar, me ocupar com o esporte
Surf, futebol, mas não era o meu forte
Um dia eu fiz uns RAPs e achei que tava bom
Me batizei de Pensador e quis fazer um som
Ficar famoso e rico nunca foi minha meta
Minha mãe já era isso, eu só queria ser poeta
Meu pai, um homem sério, um gaúcho de PoA
Formado em medicina, não podia acreditar
Ao ver o seu garoto Gabriel
Com os fones no ouvido, viajando com a caneta no papel
O que cê tá fazendo? Vai dormir, moleque
Ah, pai, pera aí, eu só to fazendo um RAP
Ninguém sabia bem o que era
Mas eu tava viciado naquilo e viciei uma galera

Meu pai eu confesso
Eu faço prosa e verso
Na feira eu vendo livro
No show eu vendo ingresso
Na loja eu vendo disco
Já vendi mais de 1 milhão
Se isso for um crime
Quero ir logo para a prisão
(x2)

Não to vendendo crack, não to vendendo pó
Não to vendendo fumo, não to vendendo cola
Mas muitos me disseram que o que eu faço é viciante
E vicia os estudantes quando eu entro nas escolas
Até os professores às vezes se contaminam
Copiam minhas letras e textos e disseminam
Sementes do que eu faço, já não sei se é bom ou mau
Mas sei que muito aluno começa a fazer igual
Escrevendo poemas, escrevendo redações
Fazendo até uns RAPs e umas apresentações
Me lembro dos meus filhos, a saudade é cruel
Solidão me acompanha, de hotel em hotel
Casamento acabou, eu perdi na estrada
O amor que ainda tenho é o amor da palavra
É falar e cantar, despertar consciência
Dediquei a vida a isso e a maior recompensa
É servir de referência pra quem pensa parecido
Pra quem tenta se expressar e nunca é ouvido
É olhar pra minha frente e enxergar um mar de gente
E mergulhar no fundo dos seus corações e mentes
É esse o meu mergulho, não é o do tio Patinhas
É esse o meu orgulho, escrever as minhas linhas
Escrevo “Linhas Tortas” inspirado por alguém
Que me deu uma missão e eu tento cumprir bem
Escuto os corações, como um cardiologista
Traduzo o que eles dizem, como faz qualquer artista
Que ganha o seu cachê, que é fruto do trabalho
De cigarra e de formiga, eu não sei o quanto eu valho
Mas sei que quando eu ganho, divido e multiplico
E quanto mais eu vou dividindo, mais eu fico rico
Rico da riqueza verdadeira que é de graça
Como um só sorriso que ilumina toda praça
Sorriso emocionado de um senhor experiente
Em pé há duas horas, debaixo do sol quente
Ouvindo os meus poemas em total sintonia
Eu sou ele amanhã e hoje é só poesia

Meu pai eu confesso
Eu faço prosa e verso
Na feira eu vendo livro
No show eu vendo ingresso
Na loja eu vendo disco
Já vendi mais de 1 milhão
Se isso for um crime
Quero ir logo para a prisão
(x4)

… Que que é isso aí, é droga?
Não, mas faz quem usa viajar
É o quê? É arma?
Não, mas faz quem usa ser mais forte
Que que cê vai fazer com isso?
Eu vendo isso pra quem tem poder de compra dos que não podem comprar
E ajudo a aplicar no povo e explico o modo de usar
Eu vendo livros, cara
É um bom negócio?
Honesto e bom, pode crer
E a melhor parte é poder entregar sabendo que alguém vai ler
Tem gente que escreve por ego, ou só pra fazer firula
Meu texto é simples, sincero, é tinta que sai da medula
Eu chuto as palavras pra fora e elas que vem me buscar
Num jogo de bola e gandula…

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