“Vivaz” é o RAP de protesto “embrulhado em um papel bonito”

Atualizado em 13/09/2016

Se cê não costumava ouvir RET e foi ouvir pela primeira vez no CD, tenho certeza que tomou um pequeno susto de começo. Um susto saudável. Nacionalmente recomendado por fazer um RAP diferenciado, o rapper carioca arregalou os olhos dos ouvidos curiosos que se arriscaram a dar o play.

RET faz um som mais melódico do que os RAPs tradicionais, mas que não chega a ser cantado. Assim, ele dá muito mais valor à sonoridade do seu trabalho, perdendo um pouco na quantidade de linhas. Mas, aí entra outro destaque dele: a qualidade dos versos. RET faz os twitters de frases darem tilt de tanto verso pesado disponível em seus poucos sons lançados até hoje.

Além disso, o rapper não entra na onda de que versos melódicos precisam ser bonitinhos e fofinhos, ele chega tocando o “zaralho”, como ele mesmo diz. Aliás, na música “Ronda“, RET e Nocivo fazem a “ronda” no RAP Brasileiro, cobrando o sentimento pela parada.

E isso gerou uma polêmica boa, pois o rapper carioca é fã do Emicida e todo mundo sabe da rixa entre ele e o Nocivo, então a galera ficou com a pulga atrás da orelha. Eu, por outro lado, achei foda. Acho a desavença entre o Emicida e o Nocivo um atraso monstro, até porque os acho dois dos melhores que temos da nova geração. Por mais que o RET provavelmente não pensou nesse motivo, mas se assumir fã do Emicida e fazer um som com o Nocivo foi uma puta ação. Pelo menos assim os fãs perdem um pouco dessa besteira de odiar um só porque gosta do outro.

Deixando as desavenças de terceiros de lado e focando no trabalho em questão, RET ainda conta com participações dos cariocas Funkero, na “Libertários não morrem“, e Shadow, do Cartel MC’s, nas “D.U.T.U.M.O.B.” e “Estilo Livre“. Com o clipe de “Neurótico de Guerra“, lançado um tempo antes do CD, a música do rapper cruzou estados e ficou ainda mais conhecida nacionalmente.

Vivaz” é um CD muito difícil de se fazer uma resenha música a música porque ele parece construído pra ser ouvido do começo ao fim de forma harmoniosa; não há uma interrupção clara. Mesmo quando outros rappers versam, o encaixe é muito bom. E isso, na minha opinião, só se faz possível pelos ótimos instrumentais. Não à toa, o CD termina com uns 3 minutos só de beats, sem voz alguma, na “Devaneios Retianos“.

Mesmo há uns 10 anos fazendo rima, este CD pode ser considerado a porta de entrada do RET no cenário nacional. Aliás, porta de entrada não, porque ele chegou com os dois pés e a quebrou, mas o portal. E quem acompanha o trabalho mesmo que de longe sabe que não virá apenas um ótimo CD, mas sim um artista, que tem muito a acrescentar ao RAP Brasileiro.

“Vivaz” é uma forma copo sempre meio cheio de olhar pras coisas; uma forma relax e boa de olhar mesmo pras coisas ruins. É um discurso pesado de mudança enrolado em uma produção bonita que atrai os ouvidos dos fãs da música mesmo céticos ao RAP. É de um ritmo e poesia tão fortes que a rima nem se faz assim tão necessária, deixando ainda mais espaço pra valorização da mensagem.

Vivaz – RET

  1. Vivaz (prod. Mãoli | Scratchs por Erik Scratch)
  2. Neurótico de Guerra (prod. Mãoli)
  3. D.U.T.U.M.O.B. (part. Shadow | prod. Mãoli)
  4. Réus (prod. Shadow e Dhigo)
  5. A Ronda (part. e prod. Nocivo Shomon)
  6. Os Deuses Me Chamam (prod. Marco Cafus)
  7. Libertários Não Morrem (part. Funkero | prod. Brabeats)
  8. Estilo Livre (part. Shadow | prod. Mãoli)
  9. Nova Sorte (prod. Ramonzin)
  10. Devaneios Retianos (prod. Mãoli e Shadow)

Um comentário

  1. uoxitom
    13/01/2013
    Responder

    acabo de conhecer o RET por esse site, ouvi o som Réus e pirei véi, muito loko… tô baixano o cd pa curti o restante do trabalho do maluco, tenho certeza ki vou gostar.

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