No último sábado (19), foi ao ar a participação do Edi Rock, do Racionais, no programa “Caldeirão do Huck”, da Rede Globo.
Muito antecipada, a presença do rapper havia lhe rendido diversas críticas do público; o falatório havia sido tão grande que Edi Rock respondeu através do Facebook, antes mesmo do programa ir ao ar.
“Sou Racionais mas não ‘o’ Racionais, sou Rap mas não ‘o’ Rap Nacional, acredito que vivemos num país livre e por isso temos liberdade de escolhas, eu escolhi ir onde eu achar que devo ir levar a minha mensagem e a minha música, entrar onde eu for convidado e principalmente… ‘respeitado’”, escreveu.
A maior parte das reclamações fazia referência à frase “Nunca iremos na Globo”, proferida pelo Racionais há muitos anos atrás. Em sua resposta pela Internet assim como no próprio programa, Edi Rock trata de separar sua imagem artística da do grupo; quando Luciano Huck diz que sempre quis levar o Racionais ou um dos integrantes para o programa, o rapper responde que levar um dos integrantes é viável, já o grupo não.
– Assista ao vídeo do Edi Rock de carona com Luciano Huck.
O apresentador foi buscá-lo no hotel, no Rio de Janeiro, e durante o percurso aproveitou para falar sobre sua vida, a carreira ainda antes do Racionais e o porquê de o grupo não dar entrevistas à grande mídia; durante a entrevista, partes das músicas do novo CD solo do rapper eram apresentadas.
Luciano Huck: A importância que os Racionais têm na periferia de São Paulo, em vários momentos da história da periferia de São Paulo, foi quase como um autofalante importante de uma época que a periferia tinha pouca voz. Eu acho que o Racionais eram um autofalente de sentimento, de um monte de coisa que passava lá. E muitas vezes também, uma válvula de descompressão; quando tava muito tenso as periferias de São Paulo, o Racionais teve um papel muito importante de equacionar a relação da periferia, a relação das cadeias. Quer dizer, cês geram uma influência muito grande no equilíbrio da cidade de São Paulo
Edi Rock: Cê acha?
Luciano Huck: Eu acho, de verdade mesmo, acho de coração!
Edi Rock: Legal, a gente não tem essa dimensão; a gente pensa como música mesmo, música e mensagem.
Luciano Huck: Acho que a mensagem de vocês e o que vocês fizeram teve papel muito importante pra deixar a cidade equilibrada em muitos momentos difíceis e críticos. Por que que os Racionais sempre tiveram uma aversão muito grande à grande mídia? […]
Edi Rock: Porque a mídia sempre distorce, sempre distorceu o que a gente falou. Sempre fala o que vende, principalmente a mídia gravada e a mídia escrita, editada. Então, a gente sempre teve essa aversão: “pô, não vamos falar que vai passar o que a gente não disse”.
[…]
Luciano Huck: Por que que você tá aqui?
Edi Rock: É o momento; eu achei que tinha que vir. Achei que tinha que tá aqui. Aqui a mensagem, ela vai pra vários lugares onde ela tem que chegar. O meu trabalho vai chegar em vários lugares; pessoas que não me conhecem, vão me conhecer, vão buscar conhecer.
O percurso terminou nos estúdios do programa, onde Edi Rock chega cantando a música “Negro Drama”; a parte do Mano Brown no som foi quase inteira cantada pela platéia.
“É uma honra poder ter a oportunidade de representar não só RAP de São Paulo, mas RAP Nacional; a gente expõe as ideias, as músicas e atualidade. O jeito que tá, como tá, as ruas é isso, essa é a cultura”, agradeceu ele. “Eu acho que não tem que ser só o Edi Rock nesse palco, eu queria abrir o palco do ‘Caldeirão’ ao RAP da periferia de São Paulo, aos novos movimentos. Então, vocês fazem a curadoria, vocês me indiquem quem tem que cantar nesse palco e vai vir cantar”, propôs Luciano Huck, no que o rapper concordou sem pensar duas vezes.
Edi Rock ainda cantou a música “That’s my way“.
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