Atualizado em 09/01/2016
“E eles nem gostam de RAP lá, mano”. É, talvez a MTV nunca tenha realmente gostado de RAP, ou o seu público, mas a verdade é que ou eles passam a gostar ou vão ter de engolir a parada… e sem cuspir, heim!
O predomínio do gênero já começou nas indicações, sendo que tínhamos Criolo e Emicida dominando, e mais Start, Flora Matos, Lurdez da Luz e Karol Conká também. O cenário vitorioso já estava montado, só faltava seguir o script.
Com os improvisos do Emicida, a premiação abriu em meio a uma apresentação de Seu Jorge, Nação Zumbi, Macaco Bong e Guizado. Foi realmente um show e tanto, ótimo jeito de abrir a caixa de Pandora. E o que sairia de dentro eram monstros, com certeza, os nomes monstros do RAP Brasileiro.
E se o RAP Brasileiro já estava no show de abertura, também estava nos indicados para “Melhor Música“. Emicida e DJ King na música “Só Rezo 0.2” em parceria com o NX Zero e Criolo na incrível “Não existe amor em SP“. A disputa era forte de mais, do tamanho de uma parceria de Marina Lima e Samuel Rosa, na “Pra Sempre“.
Entretanto, “Não existe amor em SP” prevaleceu. A criação do Criolo, com produção de Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, é um RAP que transcende o próprio gênero. Fez-se muito mais do que a melhor de 2011, mas sim uma das melhores de todos os tempos:
Se, mesmo no ano passado, dissessem que o RAP Brasileiro estaria competindo com três nomes para “Clipe do Ano“, eu não acreditaria. Mas, em 2011, tornou-se realidade. Não somente competindo, mas, na minha opinião, tanto “Então Toma“, do Emicida, quanto “Subirusdoistiozin“, do Criolo, e “Andei“, da Lurdez da Luz, são clipes melhores produzidos do que seus concorrentes.
E se o prêmio já parecia ser endereçado ao RAP Brasileiro, faltava dizer quem seria o destinatário. Com direção do Fred Ouro Preto e participação do próprio Criolo, “Então Toma” levou a disputa e deu ao Emicida o seu primeiro prêmio da noite:
A indicação do Criolo à categoria “Revelação” me causou uma certa estranheza, pois o cara já tá no RAP, na luta, há mais de 20 anos. Entretanto, vale lembrar que o VMB possui a categoria “Aposta MTV”, que seria os espaço para os novos nomes. Assim sendo, a categoria “Revelação” pode ser atribuída a artistas de primeira viagem no prêmio ou no cenário Nacional, sem estar diretamente ligado a quanto tempo ele está fazendo música profissionalmente.
Enfim, se a indicação foi feita, que venha para o RAP. E não deu outra! Criolo superou Apanhador Só, CW7, Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz para receber o seu segundo prêmio.
É, além das várias indicações e dos prêmios já ganhos até então, o RAP Brasileiro ainda estaria presente no show mais esperado da noite. Pra cantar “Não existe amor em SP“, Criolo dividiu o palco com um dos maiores nomes da música brasileira: Caetano Veloso. Se não existe amor em SP, sobra ritmo e poesia:
E se a noite tinha a cara do RAP Brasileiro, Marcelo D2, Sain, Helinho, DJ Nuts, Karol Conká, Flora Matos e Lurdez da Luz trataram de dar um corpo todo especial a ele. Com um medley incrível de “Eu já sabia“, “Que vença o melhor“, “Andei“, “Boa noite” e “Pretin“, eles realmente quebraram tudo e fizeram “A” apresentação.
Unir um monstro como Marcelo D2 com os ótimos novos nomes do RAP Brasileiro e uma mistura incrível das músicas de cada um foi simplesmente foda. Foi uma pequena, mas grandiosa demonstração da força que o RAP Brasileiro tem apresentado nos últimos anos:
O RAP Brasileiro havia dominado. Criolo levou três importantes prêmios para casa e fez um dos melhores shows da noite. Emicida havia levado um prêmio e aberto o evento. Karol Conká, Flora Matos, Start e Lurdez da Luz não haviam ganho suas indicações, mas ao lado de Marcelo D2 fizeram parte de um dos grandes momentos do evento.
Só faltava mais um prêmio: “Artista do Ano“. Embora Criolo e Emicida tinham enormes chances de levá-lo, o RAP Brasileiro já parecia ter completado a sua tarefa. Prêmios e fama não são os grandes objetivos que temos para os nossos artistas, mas poder levar a mensagem para o máximo de pessoas possíveis foi a grande conquista.
Quando Anderson Silva posicionou-se para chamar o “Artista do Ano“, fiquei meio na dúvida se dariam para o RAP Brasileiro, mesmo com o merecimento estampado na noite inteira. Ao ser pronunciado o nome “Emicida“, além das várias emoções de alegria, uma frase me veio à cabeça “Anderson Silva, eles moscam eu chego e plau!”:
(Letra da “Oração da Laboratório Fantasma” e mais informações aqui: http://bit.ly/qIUCnh)
A alegria refletida num pulo de alegria incontrolável de Emicida e toda equipe Laboratório Fantasma presente provavelmente se repetiu à frente de muitos televisores e computadores Brasil afora. As palavras completamente impessoais e 100% espontâneas de Kuririn, já figura carimbada na equipe, serviram como um desabafo. Emicida mais uma vez tinha colocado o RAP Brasileiro em posição de destaque, mais uma barreira havia sido quebrada, mais um passo dado para a Reforma Agrária da Música Brasileira.
Quando adotamos a tag #vaiRAP, há quase um ano, não esperávamos senti-la tão forte como nessa noite. O RAP Brasileiro fez barba, cabelo e bigode no VMB 2011. O gênero com a maior quantidade de prêmios e um grande destaque nas apresentações. Criolo e Emicida foram os “barbeiros” principais, com Karol Conká, Flora Matos, Start, Lurdez da Luz e milhões de fãs no apoio. Acredito que a grande maioria dos fãs, assim como eu, ficou feliz com a cara que o RAP deu ao prêmio.
E pra quem “quer mais que prêmios na MTV”, no mínimo, pode-se chamar as vitórias no VMB 2011 como um ótimo passo dado. Temos tanta gente boa vindo aí que só nos cabe trabalhar ainda mais forte e esperar várias outras noites como essa.
Parabéns, RAP. Mais uma vez você nos deixou orgulhosos de sermos seus fãs!
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