Atualizado em 06/12/2012
O Pentágono vai acabar? Esqueceram de avisá-los! Por ficar uns 4 anos sem lançar um novo CD, cogitou-se a possibilidade do término do grupo. Mas, não pense que foram quase 4 anos de abstinência. Na verdade, o grupo trabalhou muito nesses últimos anos, tanto com seus próprios trabalhos, como no fortalecimento das carreiras solo de seus integrantes.
O que eu mais gosto no trampo do Pentágono é a facilidade que eles têm em unir o protesto social do RAP com a melodia de uma boa voz. E isso vem desde o começo da carreira do grupo, talvez uma das razões para o sucesso.
Eles conseguem ir além da batida pesada, da letra inteligente, e acrescentam muita melodia, uma musicalidade incrível. E não é só um ou outro, o grupo é bastante homogêneo e bem definido quanto ao estilo que carrega.
Um exemplo interessante do que estou falando sobre as músicas do grupo se encontra na faixa “Nóiz é nêgo“. Ao mesmo tempo que o som trata do preconceito às minorias no Brasil, ele não deixa de lado em nenhum momento a musicalidade do grupo.
Pode parecer algo simples e corriqueiro, mas na verdade não é. Por muito tempo, fomos acostumados a ouvir ou um RAP pesado, com letra contestadora e batida explosiva, ou um RAP mais tranquilo, letra mais romântica e rimas mais melódicas. O Pentágono é um dos primeiros a fazer essa união e fazê-la de maneira tão boa!
Além da entrada de “Tá teno” ser bem parecida com a entrada de “Pessoas são“, do Rashid, a música carrega outra peculiaridade: muita gente chegou a dizer que o Pentágono havia acabado; o som abre o CD como se dissesse que o time ainda tá vivão e que se o grupo acabou, os integrantes não chegaram a saber.
O CD segue com a música “Beaba“, música que já comentei aqui em um post anterior. Mas, preciso acrescentar: gostei bastante da escolha dela por ser uma das primeiras faixas do trabalho, visto que beabá funciona como uma expressão de começo de aprendizado, então que já iniciem passando a mensagem.
Quem acompanha o trabalho do grupo sabe que de vez em quando o assunto “erva” aparece. Uma das participações mais loucas do CD fala disso. Na música “Incandescer“, o Pentágono conta com o Maomé, da Cone Crew Diretoria, pra falar das qualidades da verdinha. Já em “Não dá mais“, a participação de peso é da Lívia Cruz, que chega no refrão de um som que fala sobre a relação de um casal que, como a música diz, parece que não vai dar certo.
Não só pela participação do Projota, mas a música “Me ensinou” é um dos grandes destaques do CD. A mensagem da música sobre os ensinamentos do RAP é o que os que correm pelo movimento sempre lutam para passar adiante.
Em pouco mais de 4 minutos, eles conseguem descrever bem uma pá de ensinamentos que o RAP trouxe para a vida de cada um que se dedica ao movimento.
Além da qualidade da música, ela carrega uma das maiores qualidades do Pentágono: por ter uma mistura de letras inteligentes com som melódico, eles conseguem levar a boa mensagem do RAP pra um público gigantesco. É a mistura de ritmos que você apresenta pra alguém que não conhece o RAP direito misturada com o peso das letras que você mostraria pro seu amigo mais viciado no tipo gangster.
Não é à toa que o grupo foi, é e sempre será uma referência no RAP Brasileiro. Aliás, uma ótima referência. Se esse foi o CD “manhã”, não vejo a hora de ouvir o “tarde”, “noite” e o “madrugada”…
Manhã – Pentágono
01. Tá Teno
02. Beabá
03. Amanhã
04. Nóiz É Negô
05. Me Ensinou (Part. Projota)
06. Viver
07. Sem Direção
08. Incandescer (Part. Maomé)
09. Não Dá Mais (Part. Lívia Cruz)
10. Por Onde For
melhor cd do ano