Inquérito lança clipe de “Poucas Palavras” e homenageia Literatura Marginal

Atualizado em 19/05/2014

Cada vez que o Inquérito lança uma parada nova, eu fico mais fã dos caras. Da letra inteligente de cada música às ações além do mundo musical, os caras dão um puta exemplo. Com o lançamento do clipe da música “Poucas Palavras”, não deixaram por menos.

Na letra da música, já há uma puta mensagem sobre a cultura de rua, principalmente sobre a escrita, com a Literatura Marginal. Além da citação de muitos nomes que correm pela parada no Brasil, vários dos nomes citados ainda figuram no clipe. Foda! Muito importante que essa valorização da cultura seja mostrada. Afinal, esses são os nomes de quem realmente corre pelas nossas comunidades e que levam cultura onde a TV não alcança: ao coração das pessoas.

O preto e branco e os efeitos nas imagens foram uma puta sacada do Vras 77, que produziu o clipe. Dão mesmo a ideia de história, como se fosse uma volta ao passado. E também, o preto e branco pode simbolizar algo que está em processo, sendo feito, como num rascunho. A história da Literatura Marginal e de toda cultura de rua tá sempre em progresso, eterna. “Se a história é nossa, deixa que nóiz escreve” é o resumo da qualidade e veracidade da música e clipe.

Abaixo cê confere como ficou e também a letra:

Letra: (Fonte: Terra – Letras)

Por várias vezes, já tentei falar
Têm poucos para ouvir, muitos pra escutar
Uns desanimados, o RAP tá embaçado
Nóiz somos movimento, mas tamo parado
Fazer o que, né? Os dois lados da moeda
Uns tão envolvidos, outros tão de para-quedas
É favelado querendo ser boyboy querendo ser favela
Mas no final, quem corre mesmo por ela?!
Vou dar um salve pra quem não sabe
O RAP tem base, bagulho não é fase
Hoje a favela é moda nas tela
Cidade de Deus, Tropa de Elite, novela
Nóiz grava disco, lança livro, faz até Sarau
Nóiz lava a alma e depois põe pra secar no varal
Toca nos carros, toca nas rádios
Enche a auto-estima, tipo torcida no estádio
Ergue meu povo, chega somando
Só que pros boy eu ainda sou só mano
Que fala na gíria, de preto e de túmulo
Moleque brilha e eles acham o cúmulo
Finge que não gosta, despreza, desfaz
Duvido que eles nunca ouviu Racionais

Poucas palavras, tio, vou ser breve
Se a história é nossaDeixa que nóiz escreve!
(Escreve, escreve, escreve…)

Deixa eu falar, antes que você esqueça
Mundão tá louco, de ponta-cabeça
Por 10 real, mulher mata o Amasio
Princesa vira bruxa por anel de topázio
E a morte é um bom jeito de ganhar a vida
Que o diga as funerárias e as polícia
Pra quem vive das merrecas dos “burguês”
Pior que o fim do mundo, é só o fim do mês
De vez em quando, ainda alimento o meu sonho
Quando a esperança entra na “reserva”, eu componho
Transformo em rima tudo o que eu passo
Isso é o que faço, RAP arregaço
Não quero ganhar, eu quero vencer
É bem diferente, deu pra entender?

Poucas palavras, tio, vou ser breve
Se a história é nossaDeixa que nóiz escreve!
(Escreve, escreve, escreve…)

Um salve a todos aqueles que escreveram e continuam escrevendo a nossa história com legitimidade: Preto Góes, GOG, Sérgio Vaz e toda Cooperifa, Alessandro Búzio (Suburbano Convicto), Ferréz e 1dasul , Sacolinha, Elo da Corrente, Edições Toró, Jéssica Balbino, Alexandre de Mário, RAP Brasil, Vras 77, DJ TR, Toni C, Nelson Maca e tantos outros. Vida longa à Literatura Marginal. INQUÉRITO.

seja o primeiro a comentar

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *