“Estou cansado de só ver personagens brancos”, afirma estudante que coloriu a Turma da Mônica em prova

“Eu tenho orgulho da minha cor, do meu cabelo e do meu nariz. Sou assim e sou feliz”, já cantava o Criolo na música “Sucrilhos”, do aclamado “Nó na orelha”. Pode parecer coisa pouca, mas reafirmar a beleza em características não-brancas nunca foi fácil pra nossa sociedade.

Se não se sentir à vontade por estar fora do padrão de estética cultuado pelos principais canais de comunicação é normal em adultos, imagina nas crianças que, teoricamente, não entendem muito bem o que isso significa e acabam apenas seguindo o que veem? Por sorte, ainda existem esperançosas exceções.

Ao terminar a prova, Cleidison de Sena Coutinho (10), aluno do 5º ano da Escola municipal Professora Irene da Silva Oliveira, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, resolveu passar o tempo colorindo a ilustração da capa. A atividade não valia ponto algum, mas o resultado o aprovaria em qualquer teste em Ciências Sociais.

O estudante coloriu os personagens da Turma da Mônica de marrom, contrariando todos os padrões dos desenhos originais. “Estou cansado de só ver personagens brancos”, afirmou ele ao Extra.

Após a professora compartilhar o desenho, a repercussão foi enorme. O próprio Extra entrou em contato com Maurício de Souza, criador dos quadrinhos, que aprovou a atitude.

“O menino Cleidison tem razão a partir de sua visão do mundo e do meio. Por que os personagens das historinhas que ele lê não têm a mesma cor de sua pele? E corajosamente ele os traz mais para perto de si e dos seus colegas afrodescendentes simplesmente usando lápis de cor. Saída criativa e carinhosa. Ele não excluiu os personagens. Ele os trouxe para seu meio”, respondeu ele através de sua assessoria.

O autor ainda ressaltaria a criação do personagem negro Jeremias, ainda na década de 60. A verdade é que personagens existem, mas são poucos e destes poucos, a maioria é desvalorizada e apenas reforça o preconceito já existente.

“Sou muito orgulhoso de ser negro”, reafirmou naturalmente Cleidison, provavelmente sem ter noção do quão importante foi sua atitude.

Vi no Extra.

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