Resenha: “Gpro Foreva”

Atualizado em 09/01/2016

Os artistas por norma tratam os seus álbuns como filhos e com a GPRO não foi diferente, olhamos para eles da mesma forma. “Um Passo Em Frente” foi o primogénito da GPRO, aquele que tem a responsabilidade de honrar o sobrenome da família e diga-se de passagem, fê-lo com estilo. Seguiu-se “Na Linha da Frente“, o filho bonito, gajo de gajas, não precisa gostar de rap para gostar dele, qualquer um se apaixona, ainda assim sente-se os genes da família na voz de Duas Caras. E por fim, “Foreva“, o caçula, o filho mimado, foi educado com muito mais atenção e cuidado, de tanto andar com os seus irmãos mais velhos adquiriu características dos dois: Duro como o mais velho e ao mesmo tempo bonito como o segundo.

Criticar a produção instrumental deste álbum é certamente uma atitude pouco profissional. GPRO mostra que investiu tempo e criatividade a escolher meticulosamente os instrumentais deste álbum. Os coros são muito bem feitos, parece que foram pensados nos fãs nos grandes shows onde essas músicas têm o potencial de chegar. GPRO justificou o seu nome de respeito no Hip Hop moçambicano e com certeza levantou a fasquia em termos de produção de álbuns de Hip Hop em Moçambique. Este é um álbum a se manter audível por longos anos. Longe de ser música descartável, muitos parabéns à GPRO.

“Foreva” é daquelas músicas que merece destaque. Seria daquelas músicas interessantes de se ver num MMA (Moçambique Music Awards) com os devidos violinos e as vozes de fundo. Grande produção, grandes estrofes, e tem um finalzinho à Jay-Z e Kanye West no H.A.M, o que não seria surpresa, uma vez que o próprio Karaboss assumiu várias vezes ser admirador do Jigga.

“Castelo de Areia” é uma música muito interventiva. Com certeza uma música que merece atenção pelo tema que é ainda um taboo em muitas comunidades africanas. O SIDA é retratado de uma forma muito criativa nesta música.

Destaque ainda para as músicas Gucci Republic, Avengers (como diria o Soba L, merecia um vídeo do Spielberg e/ou Michael Bay), Moz We On, Diário de Um Txonado e Moz Primeiro, nesta última, Duas Caras surpreendeu-nos remando contra a maré, quando todos pensávamos que cairia naquela sociologia fácil de criticar os músicos angolanos, afirmou mesmo que a culpa é dos artistas moçambicanos que não apostam na qualidade, aconselhando-os ainda a duplicarem o tempo que gastam nos estúdios.

Realce também para as participações de Dji Tafinha na produção das músicas “Um Em Um Milhão” e “Zona Quente” (e um coro viciante nesta).

Assim sendo, atribuimos a seguinte classificação a este álbum:

Beats: 9.0
Letras: 8.0
Originalidade: 8.5
Total: 8.5

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