Emicida conta história da perda do pai ao lançar música e clipe “Crisântemo”

Atualizado em 21/03/2014

Nesta quinta-feira (23), Emicida lançou a música e o clipe “Crisântemo“, com direção de Fred Ouro Preto e produção musical de Felipe Vassão.

No novo trabalho, o rapper se inspirou no “Crisântemo”, flor muito usada em velórios, para relatar a perda do pai e as consequências desse acontecimento durante sua infância. Ele e seus irmãos foram criados pela mãe, Dona Jacira, que aparece lendo um texto de sua própria autoria sobre a morte do marido, no final da faixa.

“Minha mãe foi foda. A gente nunca tinha conversado sobre esse assunto. A primeira vez que a gente fez isso foi dentro do estúdio. Ela é uma inspiração muito grande na minha poesia e depois desse texto muitos vão entender porquê”, contou Emicida à revista Trip.

O clipe foi gravado na ocupação Mauá, em São Paulo, que conta com cerca de mil pessoas; algumas destas até participaram da gravação. Em agradecimento a esta hospitalidade, na terça-feira (21), Emicida e sua equipe fizeram o pré-lançamento no local, com direito a telão de cinema, pipoca e refrigerante. “O dia que montamos um cinema para o nosso povo”, comentou o rapper em uma das fotos que publicou na Internet sobre o acontecimento.

Sobre as gravações, o rapper falou a MTV: “Eu tive aqui [ocupação Mauá] o dia todo de gravação. Antes, inclusive, eu vim aqui com o Fred [Ouro Preto, diretor do vídeo] pra fazer um estudo fotográfico do lugar. A gente pensou bastante sobre o clipe, e foi bem legal ver de perto a produção toda acontecer”.

“Crisântemo” é o primeiro clipe do álbum de estreia do Emicida, que está previsto para o segundo semestre e é um dos mais esperados do ano; recentemente, foi lançada a música “Zóião”, que tem tudo para integrar o novo trabalho e está na trilha sonora da novela “Sangue bom”, da Rede Globo.

Letra:

Ele bebeu, bebeu
tipo vencedor
e depois riu, riu
como Bira do Jô
Cumprimentô
todo mundo à la vereador
E subiu o morro estilo viatura

Ele nos deu, nos deu
Toda a fé de um pastor
Depois sumiu, sumiu
Deixando só a dor
Ignorou o aviso
Devagar com o andor
E flertou por sobre a vida dura

Trafegou aéreo, dançou sério, pala
Serpente rasteja, credo, pobre mestre sala
Cigarro no bolso, barro, Für Elise embala
No solo onde impera, qualquer bonde é vala
Toma outro drink, se é o que lhe resta
Toma outro drink, a vida é uma festa
Viaja Amyr Klink, faz eterna sua sesta vai
Nem deu tempo pra dizer, bye bye

A vida é só um detalhe (4X)
É tudo, é nada, é um jogo que mata
É uma cilada
A vida é só um detalhe (2X)

Padeceu, desceu
Como na seca, flor
E nóiz seguiu, seguiu
Juntando o que restou
Uns retrato, disco
Foi morar de favor
Bem quando vi que o mundo é sem
Calma

Aconteceu, teceu
Como Deus desenhou
No que surtiu, surgiu
Um peito sofredor
Era rato, bicho, mofo, fedor
Mais saudade, que é sentir fome com a
alma

E na ceia migalhas, no júri mil gralhas
não jure, quem jura mente, pra sempre, fé falha
vida, morte, números, de neguinho
aqui é cada um com a sua coroa de espinhos
qual a sua droga? Tv, erva?
Qual a sua droga? Solidão, cerva?
Onde você se esconde? Onde se eleva ein?
O que é seu, em terra de ninguém?

Refrão

A vida é só um detalhe (4X)
É tudo, é nada, é um jogo que mata
É uma cilada
A vida é só um detalhe (2X)

Era dia de Cosme
Madrugada
Chovia lá fora
De repente alguém chama
Jacira, sou eu, Luiz
Pressenti
Miguel morreu
O que mais poderia ser?
Além do mais, meu coração já estava apertado
Prevendo desgraça
Na festa do terreiro, a certa hora
O Erê subiu
E quem desceu foi seu Sultão da Mata
Me chamou disse
Pegue os meninos
Vá pra casa
Disse “Prepare o coração e seja forte, vá”
Levantei, abri a porta e a desgraça se confirmou
Uma briga, o tombo
O Seu Zé do Doce socorreu
Seu Zé é a representação do Estado no Jardim Fontális
Talvez ainda até hoje
Notícia pra dar, vaquinha pra enterrar
Domingo
Justo eu, que me criei sem pai
Perder o pai já é uma tragédia
Perdê-lo na infância é sentir saudade
Não do que viveu, mas do que poderia ter vivido
O enterro, a volta
O olhar do menino marejando, pensando longe
Sem entender
E o meu coração apertado, sem conseguir explicar
O tempo foi encaixando tudo
Os pertences dele sempre no mesmo lugar
O velho chinelo abandonado respondem
Ele não vai voltar
Os dias são escuros mesmo com sol quente
O silêncio de Miguelzinho cala
Cada vez mais fundo no peito da gente
Quando o pai morre, a gente perde a mãe também
Eu já sabia o que era isso
Como pode alguém morrer no mesmo dia que nasceu

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